Projetos de lei americanos antipirataria e de defesa dos
direitos autorais e intelectuais mexem com o mundo da internet e
levantam discussões sobre regulamentação na rede
Um breu informacional. No dia 18 de janeiro, alguns sites americanos simplesmente não “funcionavam”. Tarjas pretas no lugar de manchetes e banners de protesto. “Imagine o mundo sem conhecimento livre”, dizia a versão em inglês da Wikipédia. Tratava-se de um movimento contra dois projetos de lei antipirataria e em defesa de direitos autorais na internet que seriam votados no dia seguinte nos EUA, o Sopa (Stop Online Piracy Act – pare com a pirataria on-line, em tradução livre) e o Pipa (Protect Intellectual Property Act – ato para proteção da propriedade intelectual). Criticados por empresas que atuam na internet e entidades que defendem a liberdade de expressão, a polêmica começou. O blecaute surtiu efeito e as leis foram engavetadas.
Um breu informacional. No dia 18 de janeiro, alguns sites americanos simplesmente não “funcionavam”. Tarjas pretas no lugar de manchetes e banners de protesto. “Imagine o mundo sem conhecimento livre”, dizia a versão em inglês da Wikipédia. Tratava-se de um movimento contra dois projetos de lei antipirataria e em defesa de direitos autorais na internet que seriam votados no dia seguinte nos EUA, o Sopa (Stop Online Piracy Act – pare com a pirataria on-line, em tradução livre) e o Pipa (Protect Intellectual Property Act – ato para proteção da propriedade intelectual). Criticados por empresas que atuam na internet e entidades que defendem a liberdade de expressão, a polêmica começou. O blecaute surtiu efeito e as leis foram engavetadas.
No entanto, a discussão sobre legislação e proteção de direitos
autorais na internet se tornou ainda mais necessária. “Tanto o Pipa
quanto o Sopa visam melhorar a internet por meio da desestimulação da
publicação e disseminação de material que possa levar a perdas
relacionadas à pirataria. A intenção ‘parece ser boa’, entretanto a
abrangência não delimitada dessas leis afeta outros sites que não estão
relacionados em princípio a ações de pirataria, o que torna impraticável
a aplicação de uma legislação como essa”, explica Marcelo Lau,
consultor em segurança na internet.
Paralelo ao debate sobre o Sopa e o Pipa, há ainda uma outra sigla
ganhando força, sem a mesma repercussão. É o Acta (Anti-Counterfeiting
Trade Agreement – acordo comercial contra falsificação), projeto que
representa um conjunto de medidas que cria padrões internacionais para o
combate à pirataria na internet. Negociado desde 2007, foi assinado em
2010, no Japão, e, no último dia 26 de janeiro, ganhou mais adeptos
somando 16 países membros. Sérgio Amadeu, sociólogo e conselheiro do
Comitê Gestor da internet, explica que o acordo prevê medidas ainda mais
severas do que o Sopa e o Pipa. “Para se ter uma ideia do exagero, o
Acta vai permitir que a polícia aborde no aeroporto uma pessoa que
esteja com um pen drive e, se constatar que o arquivo não tem licença,
pode prendê-lo ali mesmo”, diz.
Mesmo sem aprovação, as leis são fortemente apoiadas por poderosas
empresas da indústria do entretenimento e novas medidas devem continuar
sendo discutidas. Amadeu explica que tais iniciativas são reflexos da
nova dinâmica cultural trazida pela rede. “Se você observar a prática
cultural depois da internet, ela é totalmente diferente. Eu tenho acesso
a coisas que jamais teria. O que está havendo é uma dispersão. A
diversidade cultural rouba público. E o intermediário que até então
estava lucrando acaba perdendo força”, diz. “Acontece aí uma alteração
tecnológica que liberta o texto do papel, a imagem da película e o som
do vinil”, completa.
O debate não é exatamente novo e já há medidas com objetivos
parecidos aprovadas em outros países. O governo espanhol aprovou, em
2011, a Lei Sinde. Na França, o parlamento aprovou, em 2009, a lei
Hadopi. No Brasil, apelidado de Sopa brasileiro, o projeto da Lei
Azeredo, em discussão desde 1999, tem como objetivo regulamentar crimes
na internet.
Sendo assim, a própria característica da web ajuda a divulgar
conteúdos e dificulta a criação e a fiscalização de certas medidas.
“Ninguém desliga a internet. Vimos aí que quem tentou desligar nos
últimos meses [protestos no mundo árabe e em Londres] penou e não deu
certo. Tem que ser outro tipo de estratégia para combater, seja
pirataria, pornografia, seja xenofobia”, defende Beto Largman,
jornalista e blogueiro especialista em tecnologia.
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