sexta-feira, 29 de junho de 2012

Finalmente, a queda dos juros.

O brasileiro se acostumou a pagar juros altos. Durante muito tempo estivemos entre os países com maiores taxas de juros do mundo.  Essa realidade começou a mudar no segundo trimestre de 2012.  Ainda estamos longe do ideal, mas a queda contínua dos juros é, sem dúvida, uma notícia promissora.
Quando abriu a guerra contra os juros altos, o governo federal acusou os bancos de praticarem taxas elevadas sem uma justificativa plausível, por pura ganância. A causa é meritória, mas a acusação é apenas em parte verdadeira.   
Para entender, a taxa de juros cobrada dos clientes engloba os custos de captação do dinheiro pelos bancos mais o chamado spread bancário.
Um exemplo nos ajudará a entender. Suponhamos que você tome um empréstimo no banco e por ele pague todos os meses R$ 100, 00 de juros.
Os juros são decompostos da seguinte forma:
25,5 reais corresponde ao custo de captação dos bancos, aquilo que, em tese eles pagam para os aplicadores:
74,5 reais é referente ao chamado spread bancário.
O spread, por sua vez, é dividido da seguinte forma:
24,4 reais é a margem de lucro dos bancos;
21,40  reais é por conta da inadimplência;
16,30 reais são impostos;
9,40 reais são custos administrativos e
3,00  reais de outros encargos.
Quando o Banco Central baixa a taxa Selic, que é uma espécie de taxa de referência para o que os Bancos pagam pela captação do dinheiro (CDB), ele quer reduzir o captação do sistema bancário e,  por tabela, reduzir a taxa final de juros do crédito ao consumidor.  O aplicador ganha menos e o tomador final do empréstimo também.
Três componentes do spread chamam a atenção: o lucro dos bancos, a inadimplência e os impostos. Todos são elevados.
A inadimplência está diretamente relacionada com o risco tomado pelos bancos na hora de conceder o crédito. Ele é sempre difícil de estabelecer, pois os bancos sofrem com a chamada assimetria de informações. Em outras palavras, eles nunca têm informações completas dos clientes, de tal modo que a concessão do crédito implica sempre em assumir o risco da inadimplência. 
É por esta razão, por exemplo, que as taxas praticadas no crédito consignado aos servidores públicos são menores, pois os dados dos clientes são acessíveis e, sobretudo, porque eles possuam renda garantida pelo Estado (salários e aposentadorias).  Em outras modalidades de crédito, em que os bens podem ser dados como garantia, o risco dos bancos também tende a ser menor. Não é, entretanto, o que acontece no crédito do cheque especial ou para a compra de bens de consumo perecíveis ou de difícil recuperação. Nestes casos, o risco dos bancos é maior.
Assim, por conta do risco da inadimplência, o spread varia dependendo da modalidade de crédito.
A revista Exame fez um levantamento e constatou a prática das seguintes taxas:
Crédito Imobiliário: 4%
Compra de veículos: 17,5%
Crédito Pessoal:  41%
Cheque Especial: 173%.
O spread cai quando o crédito é direcionado para bens tangíveis porque o próprio bem funciona como garantia, o que não acontece no crédito direcionado para o consumo pessoal ou cheque especial. Nesse caso, o risco do banco é muito maior.
Os impostos, da mesma forma, são muito altos. Uma forma de reduzir os juros é, claro, reduzir os impostos.  Deve-se lembrar, a propósito, que os bancos devem recolher ao Banco Central, por conta do chamado depósito compulsório, aproximadamente 40% do total dos depósitos feitos pelos clientes. É uma forma de dar solidez e garantia para todo o sistema bancário.  Estes recursos, portanto, não podem ser usados para dar crédito aos seus clientes. 
Banqueiros não são anjos nem demônios, são comerciantes. Se o sistema de regulação e o mercado absorver , eles vão elevar seus lucros até onde puderem. Aliás, não é esta a lógica do capitalismo? Se você pudesse fazer o mesmo no seu negócio, qual seria a sua atitude?  O ponto é: como não existe preço “justo” não existe também “lucro justo ou injusto”. 
A única forma de coibir abusos dos bancos é aumentar a concorrência. Divulgar as taxas de juros em todas as operações, promover a educação dos consumidores, a possibilidade do cliente migrar de um banco para outro levando seu histórico, o cadastro positivo (dos bons pagadores), todas são medidas promissoras, mas o mais importante e decisivo  é aumentar a concorrência entre os bancos. 

FONTE: AdOnline

Competitividade da economia brasileira

O Brasil está em 46º lugar no Índice de Competitividade Mundial 2012. Caímos duas posições.
O índice é elaborado pelo International Institute for Management Development (IMD), uma escola suiça de negócios sem fins lucrativos. O ranking leva em conta o comportamento do PIB, taxa de juros, inflação e os resultados de uma pesquisa feita com executivos que trabalham no país. Ele é dividido em quatro grandes temas: Performance econômica,  Eficiência do governo, Eficiência dos negócios e a Infraestrutura.
Desde que foi criado o índice, em 1989, o Brasil ocupa uma das últimas posições.  As primeiras 10 são ocupadas por Hong Kong, EUA, Suíça, Singapura, Suécia, Canadá, Taiwan, Noruega, Alemanha e Qatar. Entre os Brics, a melhor colocação foi alcançada pela China (19º lugar), seguida pela Índia (32º). Só depois vem o Brasil seguido pela Rússia. 
Os principais motivos que explicam a queda do Brasil em 2012 são: baixa atividade econômica, protecionismo e baixo crescimento das exportações com valor agregado.
Uma das  causas do nosso mau desempenho econômico reside no fato de que, após a crise de 2008, a política governamental foi direcionada, quase que exclusivamente, para o estímulo da demanda.  O reflexo surgiu em 2010, quando a economia cresceu 7,5%. Em 2011, tivemos crescimento de 2,7% e as projeções para 2012 indicam variação abaixo de 3%. Parece evidente que o ciclo de crescimento baseado no estímulo ao consumo está se esgotando.  
Estamos cometendo o erro de sempre. Em nome das  urgentes providências de curto prazo, estamos dando pouca atenção às medidas de ajuste estrutural, principalmente as reformas trabalhista, tributária e previdenciária com vistas à elevação da taxa de investimento e da produtividade. Da mesma forma, deixamos em segundo plano o enfrentamento das enormes carências da infraestrutura nacional.  
Há grande concordância entre os economistas que o crescimento da economia brasileira acima de 5% exige o aumento da taxa de investimentos – no jargão técnico a Formação Bruta de Capital - para algo como 25% do PIB. Hoje não passa de 18%. O crescimento corrente é largamente dependente do aumento do consumo e não da taxa de investimentos. Por isso, ele é insuficiente.
O Brasil foi exitoso na estabilização monetária e nas micro reformas levadas a efeito nos anos 1990, entre as quais podemos citara Lei de Responsabilidade Fiscal, o fim dos monopólios  de energia e telecomunicações, o saneamento do sistema financeiro nacional, a criação das agencias reguladoras e a adoção do sistema de metas de inflação e da autonomia do Banco Central. Nos anos 2000, tivemos novos avanços, especialmente, a manutenção da política de superávits primários e os progamas federais de transferência de renda.
No entanto, pouco fizemos na retomada dos investimentos públicos em infraestrutura, educação, pesquisa e desenvolvimento, componentes decisivos de uma política de elevação da produtividade e da competitividade da economia brasileira. Claramente nos falta um programa de investimentos de médio e longo prazo.  

FONTE: AdOnline

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Comércio online: 5 motivos para sorrir



Em 2001 o Brasil atingiu o marco histórico de 1 milhão de consumidores online. Ganhou massa consumidora suficiente para que os especialistas em economia do varejo considerasse o comércio pela internet uma atividade viável aos lojistas que vendem exclusivamente neste canal. Foi nesta época que muitos dos varejos, que dominam a internet brasileira hoje, começaram a levar à sério esta atividade. É o caso de Netshoes e Submarino.
 
Estamos em 2012 e o número de consumidores online multiplicou-se por 32 vezes. Nossa massa consumidora hoje, é de mais de 32 milhões de brasileiros. Sustentamos um crescimento médio anual de 35% e só nos três meses de 2012 já crescemos 127% nas vendas das lojas pureplays (aquelas que somente vende pela internet).
 
Como se não bastasse somente o crescimento vegetativo do consumo na internet para manter sorrisos de orelha a orelha nos rostos satisfeitos dos lojistas online, apresento abaixo, mais 5 motivos para sorrir:
 
1- Diferentemente da loja física, a loja online aproveita o impulso de compra durante as 24 horas do dia e aos finais de semana.
 Aprendi com um cliente do ramo de sapatos femininos que o maior número das consumidoras que entravam em sua loja física acompanhadas de seus maridos ou pais, não compravam mais de um par de sapatos.
Quando estavam sozinhas, deixavam seus impulsos dominarem o comportamento.
 
Aprendi também, com o Google Analytics, deste mesmo cliente, que o maior número de vendas neste ramo, com maior ticket médio, acontece de madrugada, quando ninguém pode atrapalhar o impulso consumista.
 
 
2- Sua filial pode ser nacional, com 32 milhões de consumidores, ou ir mais além.
 
Numa loja de bairro, seu potencial público consumidor é limitado a sua população. A internet extrapola fronteiras e assim o público potencial fica restrito somente ao limite de sua capacidade de logística. Se limitarmos ao Brasil, estamos falando (em 2012) num potencial de 32 milhões de consumidores.
 
 
3- Comodidade para os clientes.
 
Uma loja virtual tem vantagens e desvantagens sobre a loja física.
 
- É possível comprar de qualquer lugar no mundo e a qualquer hora. Presentes de aniversário, casamento e entregas em cidades longínquas agora são problema do lojista.
 
- O consumidor evita filas e não precisa mais carregar o produto para casa
 
- O consumidor só precisa ser atendido por um vendedor se quiser e tem informações mais profundas sobre o produto do que teria na loja física.
 
- Alguém arrisca colaborar com mais vantagens ao consumidor? Comente no formulário abaixo!
 
 
4- O e-commerce proporciona controle completo sobre vendas

 
Toda venda realizada por meio de uma boa plataforma de e-commerce organiza, em tempo real, os relatórios de tíquete médio, desempenho em vendas, interesse por produtos e categorias, taxa de conversão, clientes perdidos e campanhas mais assertivas.
 
O resultado disto é o aumento da capacidade de acertar cada vez mais no próximo mês.
 
 
 
5- Custo baixo de investimento

Iniciar um negócio online é infinitamente mais econômico que abrir um estabelecimento ou loja física, mas se o investimento feito em uma filial física fosse investido em uma loja virtual, garanto que o retorno em 36 meses seria, no mínimo, 5 vezes maior.
FONTE: Acontecendo Aqui

Onipresença, Onisciência e o Facebook

O Facebook está mudando o jeito da gente se comunicar e se relacionar, tanto da pessoa física quanto jurídica. A consultoria americana KPCB revelou dados instigantes em uma pesquisa, como o fato de que 50% do acesso ao Facebook acontece via celular.
Em 2010, a revista Exame fez uma extensa reportagem com Mark Zuckerberg, sobre o futuro do Facebook. Levei o artigo para sala de aula e trabalhei com meus alunos de pós-graduação em marketing digital. Por mais que projetássemos diferentes cenários futuros para a rede social, era difícil compreender como aquelas metas traçadas e buscadas por Zuckerberg iriam se realizar.
Sintetizando o artigo da revista, o fundador da rede social mais famosa e povoada do mundo trançava o futuro de sua rede com o futuro da internet, ao propor que cada pessoa que estivesse navegando na rede estaria dentro do Facebook, mesmo sem perceber. Segundo ele, não existiria mais a necessidade de entrar, de logar no Facebook para estar na rede. Ao consumir filmes, conversar com as pessoas, fazer trabalhos escolares, enviar arquivos por e-mail ou o que quer que fosse as pessoas estariam dentro do Facebook.
Na época da publicação da Exame não duvidei que isso poderia acontecer, mas juro que avaliei como sendo um certo sensacionalismo ou narcisismo do fundador do Face. Achei que ele poderia ter sido picado por uma ânsia de onipresença e onisciência desmensurada, demonstrando uma forte tendência ao totalitarismo, ao monopólio dos meios e promovendo o controle de tudo e de todos através de sua rede.
Confesso que uma boa parte disso aconteceu, e tenho alguns indícios próprios que reforçam esse caminho. A turma de colégio do meu filho coloca a matéria de aula no Face. Não é uma sociedade bem organizada, por que eles nunca sabem quem irá publicar, mas sabem que, antes da prova, toda a matéria estará no Face de um deles, para os demais poderem estudar. A internet permite isso: uma forma de “organização anárquica” que funciona.
O Facebook também apresenta uma outra experiência de caso, em que “faz o trabalho pela gente” – e  esse é um dos grandes diferenciais dos serviços que desejam crescer e prosperar na internet: entregar facilidades. Assim como o celular “decora” todos os telefones que precisamos em sua agenda, fazendo com que não saibamos mais a maioria dos números importantes a nós, o Facebook decora os aniversários de nossos amigos, clientes e parentes. Todo os dias estamos a um clique de não esquecer de ninguém, graças a integração dos perfis.
Por último, tem chamado minha atenção o crescimento do Facebook como chat. Há um ano, meu hábito ao chegar à Qualé Digital – depois dos “bom dia” e amenidades habituais da manhã – era checar os e-mails e logar no MSN, canal de interação com clientes. Faz um tempo que troquei o MSN e passei a logar no Facebook como prioridade, pois ali estão também minhas interações que estavam no MSN, além dos aniversários e variadas publicações. No meu caso, o Facebook está derrubando o MSN – mas pode ser uma experiência isolada. Queria saber a sua, que está lendo o artigo.
Para finalizar, gostaria de salientar que onipresença e onisciência, para mim, continuam sendo características divinas. Estão aí o Myspace, AOL, ICQ e – será? – MSN, que dominaram por um período seus nichos, como donos do campinho, e sumiram ou reduziram muito suas participações, a ponto de apresentarem pouquíssima significância atualmente. Fica a dica: quem procura controlar tudo pode acabar se descontrolando.

FONTE: Acontecendo Aqui

quarta-feira, 27 de junho de 2012

E-mail, mídias sociais e mobilidade: como ser eficaz?

consumidor em relação às suas marcas. Os canais de comunicação com o público se expandiram, deixaram de ser unidirecionais e exigem um novo posicionamento das empresas que não querem atuar apenas como espectadoras ou coadjuvantes em seus mercados. Mas entre o leque de canais de comunicação disponíveis, qual o mais eficiente? É melhor escolher apenas um ou marcar presença em todos? Mas é possível estar em vários sem perder o foco?

Bem, a resposta para essas questões obriga que os decisores voltem seu olhar para dentro da empresa, analisem em que momento ela está, tracem uma estratégia e saibam claramente que objetivos se quer atingir, levando em conta que cada canal tem seu tom, seu fim e suas características.

Hoje os principais canais de comunicação e marketing digital contemplam o e-mail marketing, as mídias sociais e a mobilidade. Neste artigo, pretendo aconselhar sobre pontos que devem ser considerados para usar cada um desses meios de modo eficiente e também o que considerar em uma estratégia mais abrangente que busque explorar esses canais de forma complementar.

- E-mail Marketing: As empresas que ainda acreditam que o e-mail marketing é um canal para comunicação generalizada e em massa estão definitivamente no caminho não adequado. O principal critério para usar o e-mail marketing com eficiência é a relevância. O consumidor só vai dar atenção a mais aquele e-mail em sua caixa de entrada se o assunto e o conteúdo forem relevantes, adequados ao seu perfil. E para segmentar o envio de e-mail, a empresa precisa conhecer o cliente de forma personalizada, levantar informações e dados de comportamento que a levem a direcionar somente mensagens que tenham a ver com aquele perfil específico, sejam ofertas de compra, atendimento ou prestação de serviço. A frequência com que o cliente quer receber esse tipo de comunicação também precisa ser levada em conta. Por fim, não custa lembrar que o e-mail marketing precisa sempre ter a permissão do usuário. É preciso engajar os colaboradores da empresa para que contribuam buscando opt in do público, a fim de continuamente expandir e qualificar a lista de e-mails dos clientes.

- Mídias Sociais: O grande desafio para iniciativas de branding bem sucedidas nesse canal está na capacidade de envolver e motivar as pessoas em torno de uma ação. O usuário das mídias sociais pode não estar necessariamente interessado em comprar e, portanto, não quer receber mensagens focadas na venda de produtos e serviços. Ou seja, um argumento agressivo de vendas nas mídias sociais não é bem recebido. Oferecer entretenimento e informação é muito mais pertinente neste canal. Promover engajamento, envolvimento e relacionamento deve ser o objetivo central, tendo sempre em mente que este canal é de múltiplas vias, que deve gerar interatividade e fazer com que as pessoas se sintam à vontade para comentar, indicar aos amigos, “curtir”, compartilhar entre si. Gostar de uma marca pode não significar um interesse imediato de compra, mas motivar as pessoas a falarem de determinada empresa e pulverizar aquela mensagem entre seu grupo de amigos gera direta e indiretamente visibilidade e divulgação para a marca. Outro ponto importante é que, ao estar presente nas mídias sociais, a empresa precisa ter uma política de como dar retorno aos comentários e posts, estando preparada inclusive para receber críticas, pois uma vez aberto o canal, ele ganha dinâmica própria.

- Mobilidade: Um ponto importante para a boa comunicação neste canal é forma de abordar o consumidor, para que ele não se sinta invadido. O envio de mensagens de texto via torpedos só pode acontecer se houver um opt in formal e, além disso, essa forma de comunicação se presta muito mais a promover relacionamento, atendimento e prestação de serviços do que publicidade. Possibilitar entretenimento também é uma boa opção, por meio da oferta de aplicativos com os quais os usuários se identifiquem ou como forma de prestar algum serviço de utilidade pública, por exemplo.

Se estabelecer uma comunicação eficaz com o consumidor em cada um desses canais já demanda uma estratégia bem definida, o mesmo vale para as empresas que queiram desenvolver ações integradas. Neste caso, tratar esses meios de forma isolada faz com que a empresa não aproveite os canais em toda sua potencialidade.

Ou seja, mais do que desenvolver iniciativas para e-mail marketing, mídias sociais ou mobilidade, se a marca quer fazer uso destes três canais de modo verdadeiramente eficaz, deve pensar em uma estratégia de cross-channel, para acompanhar os resultados de forma integrada e poder mensurar o todo. O e-mail marketing pode levar o usuário a se interessar pelas mídias sociais da marca, o website da empresa pode permitir compartilhamento em Facebook ou Twitter dos trechos que interessem ao cliente, aplicativos usados em smartphones podem ser replicados nas mídias sociais, uma ação iniciada em um canal pode render desdobramentos em outros, etc...

São inúmeras as formas de capitalizar a interação do usuário nos diversos canais digitais. Isso demanda, no entanto, criatividade e estratégia. O mercado brasileiro tem amadurecido gradativamente absorvido esta visão mais ampla e integrada, portanto não há dúvidas de que esse é um caminho que tende a estimular e fortalecer o relacionamento entre consumidores e empresas. Ignorar essa tendência é ignorar as inovações, as novas gerações e as formas como elas interagem com o mundo.

FONTE: Mundo do Marketing

terça-feira, 26 de junho de 2012

Propósito de marca no Brasil: riscos e oportunidades

Edição 2012 da pesquisa goodpurpose sinaliza tendências na relação entre cidadãos, marcas e causas, mostrando que consumidor busca cada dia mais empresas que atendam seus propósitos

Pode-se dizer que o propósito é um elemento central no cenário brasileiro de engajamento e construção de marcas. Se a edição 2010 da pesquisa goodpurpose já sinalizava um incremento no senso crítico de um consumidor em amadurecimento, o estudo apresentado neste ano afirma esta condição não apenas como tendência, mas um fato.

 

Hoje, mais brasileiros ingressaram consistentemente na arena de consumo e, não contentes em apenas terem a possibilidade de adquirir mais produtos e serviços, exigem das empresas um comportamento que transcende o atendimento a requisitos de qualidade e preço. Mais críticos, demandam uma atuação mais ampla, que considere questões de interesse público e universos simbólicos capazes de agregá-los racional e afetivamente.
Para tanto, as empresas devem agir a partir de um propósito, ou seja, algo que demonstre suas visões de mundo e, ao mesmo tempo, enderece questões relevantes para os públicos com quem se relacionam.
Ao endereçar um propósito relevante para seus stakeholders, uma marca amplia sua confiança, o que gera melhores condições para que se atribua a ela um valor superior. Além disso, ela fortalece seus relacionamentos, compartilha benefícios junto à sociedade, sem deixar de favorecer um incremento em sua performance comercial.
No Brasil, o propósito está no centro de estratégias de marcas vencedoras, como Natura – que conecta como poucos empreendimentos no mundo suas crenças e um modelo de negócio sustentável – Petrobras e Nestlé. Em comum a todas estas corporações, está a preocupação em realizar entregas para além de seus portfolios, em um movimento no qual incluem em suas agendas associações a conteúdos sociais, ambientais, esportivos, culturais, entre outros que mantém nexo com o significado de suas marcas, o desafio de suas operações e, claro, os anseios da sociedade em que se inserem.
Conforme a conclusão da última edição da pesquisa Trust Barometer, realizada pela Edelman, cabe às empresas liderar a partir de um propósito engajador, dado o cenário de paralisia governamental e um panorama brasileiro inédito em que as organizações não-governamentais sofrem com a falta de prestígio. Trata-se, contudo, de uma responsabilidade e uma oportunidade. Responsabilidade pelo desafio que reside em encontrar um propósito alinhado às perspectivas e identidade da marca e oportunidade pelos resultados potenciais que uma companhia pode alcançar ao transformar sua visão em ações concretas e socialmente relevantes. Particularmente no Brasil, em que o cidadão valoriza ainda mais a atuação empresarial junto a causas, trata-se de um importante vetor de construção de confiança. Todavia, é preciso que as empresas delimitem muito bem seu papel neste sentido, de maneira que não substituam outros entes em questões que cabem, por exemplo, ao governo.
De acordo com os números 2012 de goodpurpose, o brasileiro considera diversas causas como importantes, principalmente pelas inúmeras necessidades estruturais ainda demandadas no país. Entre as causas centrais figuram a proteção ao meio ambiente, a melhoria dos serviços de saúde e o acesso à educação. Neste sentido, percebe-se uma forte confluência entre questões teoricamente correspondentes à ação governamental que acabam tornando-se frentes a serem consideradas também pelas corporações. Todavia, uma esfera não substitui a outra; por essa razão, as empresas devem engajar-se em parcerias complementares, que envolvam também os cidadãos em uma atmosfera participativa capaz de tornar tais déficits em soluções reais. A avaliação por parte deles é crítica quanto ao desempenho das empresas neste sentido: 48% dos entrevistados creem que as corporações não têm endereçado causas de maneira adequada. Enquanto isso, somente 26% consideram a atuação empresarial boa ou excelente neste sentido
Esta avaliação “fraca” não representa, porém, uma atuação insatisfatória por parte das empresas. Além de todas as expectativas – inclusive as que não dizem respeito a elas – serem depositadas sobre seus ombros, há outros pontos a serem trabalhados que influenciam na percepção dos indivíduos em relação a este tipo de performance, como comunicação e, obviamente, a intensidade do engajamento liderado pelas marcas em torno das causas que defendem.
mercado,consumidor,propósito,pesquisaEngajar é mandatório em um cenário de progressivo aumento do poder de indivíduos conectados, que conversam em escala global a respeito de inúmeros interesses. Afinal, a autoridade não está mais centralizada em instituições como a mídia, o governo ou mesmo as empresas. No Brasil, esta afirmação do potencial dos cidadãos comuns tem se elevado rapidamente. Para os respondentes de goodpurpose no país, 20% creem em sua importância para endereçar propósitos. Todavia, o governo lidera esta responsabilidade com 52% enquanto a expectativa que recai sobre as empresas é de 6%.
Vincular-se a causas gera, também, condições comerciais favoráveis. O brasileiro mostra-se propenso a pagar mais, recomendar e ser fiel a marcas que colocam o propósito como ponto relevante em seus negócios. O ambiente para mudança é positivo, pois 76% creem ser possível para as companhias realizar lucros e, simultaneamente, cuidar de causas de modo consistente. Para se ter uma ideia, em 2007 este índice era de 58%, o que demonstra o amadurecimento do consumidor brasileiro quanto ao tema. À parte de preço e qualidade, o cidadão local confere imensa importância às atitudes concretas das marcas, muito à frente de outros qualificativos como design, inovação ou mesmo lealdade.
O país, ao mesmo tempo em que vive um florescimento do consumo, mostra que há muitos outros aspectos além das transações comerciais. Trata-se de um horizonte promissor, no qual as marcas deverão elevar a qualidade de suas atitudes em relação a causas caso desejem ter uma atuação mais civilizada, consciente e alinhada às demandas desta sociedade. Tendem a sobreviver no longo prazo as marcas que tiverem uma sólida associação a causas e conteúdos capazes de darem vida a um propósito considerado importante pelos indivíduos.
Em linhas gerais, os números brasileiros mostram-se em níveis superiores à média global, o que demonstra uma manutenção de importantes tendências verificadas na edição de 2010 da pesquisa. Podemos organizá-las da seguinte forma:

1) Consumidores emergentes e mais críticos ganham espaço e afirmam seus próprios potenciais para agir em torno de causas;


2) Indivíduos acreditam cada vez mais em seus poderes para atuar sobre um propósito – processo de descoberta pessoal deflagrado pelo aumento do poder aquisitivo contribui para a elevação da autoconfiança;
Empresas têm a chance de liderar por propósito, mas também engajar indivíduos e outros grupos como governo e ONGs;
3) Há muitas causas a endereçar no país, sobretudo pelo déficit da atuação pública em muitas áreas; porém, as empresas não devem substituir outras entidades – como o governo – em suas práticas ao redor destes propósitos;
4) Atuar sobre propósitos, portanto, é uma notável oportunidade e, ao mesmo tempo, um risco caso estas atitudes não tenham consistência e não sejam contínuas e comunicadas;
5) O propósito afirma-se como vetor de construção de lealdade, recomendação e escolha de marca, contribuindo crescentemente na performance comercial das empresas que operam no país.
*Por Rodolfo Araújo e Sharon Hess. Esta reportagem foi publicada originalmente no portal Com:Atitude, da Edelman Significa, e agora no Mundo do Marketing de acordo com parceria que os dois portais mantêm.