(22/05/2016)
- A Mecânica 2016, feira realizada de 17 a 21 de maio no Anhembi, revelou algo
há muito esperado pelo setor de máquinas e equipamentos: seus clientes deram
início ao processo de desengavetamento de projetos de investimento que há dois
ou três anos hibernavam à espera de tempos melhores. Segundo os expositores,
não é possível afirmar ainda que os projetos serão retomados, mas pelo que se
viu nos cinco dias de exposição já se dá como certo que no mínimo as empresas
estão retirando a poeira acumulada sobre os projetos.
E a
mola que impulsionou esse movimento, na opinião de vários expositores
entrevistados pelo site Usinagem-Brasil, chama-se equipe econômica. “Os
clientes ficaram mais confiantes a partir da apresentação dos nomes que compõem
a equipe econômica, que são de primeira linha”, afirmou Daniel Dias de
Carvalho, diretor da Fagor Automation do Brasil e presidente do Conselho
Deliberativo da Abimei. “Com isso, a feira superou todas as expectativas com as
visitas de clientes ativos e inativos demonstrando disposição de voltar a
investir. O que se pode notar aqui foi um sinal de que os negócios que estavam
em compasso de espera serão retomados”.
Mohseen
Hatia, diretor-geral da Okuma Latino Americana, disse que a princípio estava
receoso com a possibilidade de o evento ter menor visitação, não só pela crise
mas também pelo fato de no início do mês ter ocorrido outra feira do mesmo
segmento na cidade (Feimec). “Mas fomos beneficiados com as mudanças ocorridas
na política e na economia”, disse. “Foi bom poder conversar com os clientes
neste outro cenário e perceber que existem muitos projetos que, a partir de
agora, poderão ser concretizados”.
Diretor
Comercial da Bener, Wilson Borgneth lembra que há um mês a empresa chegou a
pensar em desistir de participar da Mecânica 2016. “Ficamos mais otimistas com
a nova equipe econômica, sem políticos e só com profissionais de primeira
linha, o que permitiu se respirar um novo ar aqui na feira”, ressalta. “E esse
otimismo se concretizou com visitação acima da expectativa e a reativação de
projetos antigos e o surgimento de projetos novos”.
“Os
clientes estão mais otimistas, com a expectativa de que o Brasil vai mudar”,
afirma Carlos Eduardo Ibrahim, diretor da Makino do Brasil. “Projetos de
investimentos de multinacionais que cotamos antes das eleições de 2014 e que
estavam paralisados tiveram autorização das matrizes para serem atualizados”.
Na
avaliação de Alessandro Alcantarilla, gerente-geral da Blaser Swisslube do
Brasil, o público do evento foi menor que em outras edições da Mecânica 2016,
mas muito qualificado. “Fizemos bons contatos e estamos saindo daqui com vários
projetos - projetos novos e alguns que estavam parados e que agora começam a
andar”.
Para
o presidente da Abimei, Paulo Castelo Branco, a feira foi muito positiva.
“Conversei com quase todos os 38 expositores associados da Abimei e o consenso
é que o resultado foi muito além do esperado”, disse. “Talvez, nós já tenhamos
batido no fundo do poço e agora vamos retomar ainda que em ritmo lento”.
NEGÓCIOS
- O volume de negócios ficou distante de outras edições da Mecânica, mas
ninguém parecia demonstrar descontentamento com esse fato. Até porque o menor
volume de vendas durante a feira superou, em muitos casos, o registrado nos
meses anteriores ao evento. Sílvio Mitsunaga, diretor Administrativo e de
Vendas da GF Machining Solutions do Brasil, lembra que a empresa chegou a
vender 45 máquinas na feira de 2012 e cerca de 100 máquinas numa outra edição,
nos anos 2000. “Aqui vendemos bem menos, mas foram máquinas de alto valor
agregado e que certamente farão diferença nos nossos números do ano. Além
disso, vários clientes saíram do nosso estande com pedidos preenchidos, mas não
assinados, e que devem ser concretizados nas próximas semanas”, informa.
O
caso da Muratec é semelhante. Com um histórico recente de quatro máquinas
vendidas na Feimafe 2015 e cinco na Mecânica 2014, a empresa havia fechado a
venda de uma máquina até o final do terceiro dia do evento. “O importante é que
os visitantes demonstravam grande interesse em novas tecnologias”, diz Diomedes
Marcondes, engenheiro de Vendas da Muratec do Brasil. “Recebemos mais consultas
do que esperávamos e alguns clientes que vínhamos prospectando sinalizaram que
os projetos agora vão começar andar”.
Para
Cristian Pavan, diretor da Eurostec, a Mecânica 2016 excedeu as expectativas no
que se refere a público,qualificação dos visitantes e até no fechamento de negócios.
“O que ajudou foi a mudança na política. O ânimo é outro e os clientes
mostraram disposição para falar de negócios”, declara. “Um de nossos objetivos
era o de divulgar nossa marca na região Sudeste e a nova filial em São Paulo,
em Louveira, mas ficamos bem contentes com o volume de negócios e o interesse
dos clientes de todo o Brasil - recebemos visitantes do Nordeste, do
Centro-Oeste e do Sul em bom número”.
MUDANÇA
DE ÂNIMO - “Por causa da crise muitos investimentos estavam represados. A feira
deu uma injeção de ânimo”, comenta Wanderley Goya, gerente Comercial da Simco.
“Com a nova equipe econômica, o pessoal está desengavetando projetos. Empresas
com as quais estamos trabalhando há muito tempo deram sinais de que agora os
projetos vão sair”. Em sua opinião, a feira muito positiva e trouxe vários
projetos para a equipe técnica e comercial da empresa “que agora tem bastante
trabalho, talvez até o final do ano”.
De
acordo com Tadeu Evangelista, diretor da Haas Outlet Factory do Brasil, o que
era perceptível na Mecânica 2016 era o novo ânimo dos clientes, influenciados
pelas notícias de mudanças no governo. A empresa recebeu bom número de
visitantes com poder de decisão que demonstraram real interesse em investir,
inclusive com o fechamento de alguns negócios. “Se a feira fosse realizada no
próximo mês creio que teríamos mais resultados pontuais”, afirma, acrescentando
que “o saldo foi positivo”.
GOTEIRAS
- A nota triste da feira ficou por conta do Anhembi, ou melhor, das instalações
do Anhembi. As chuvas no início da semana revelaram goteiras em vários pontos
do pavilhão, inclusive sobre máquinas e equipamentos. Máquinas precisaram ser
desligadas, cobertas. Foram registrados alguns prejuízos, como a queima de
painéis eletrônicos. O fato provocou revolta em alguns expositores, que
acabaram por ser amenizadas com uma nota de desculpas da SPTuris, que
administra o Anhembi, e o crescimento do números de visitantes e negócios ao
longo da semana. As goteiras, porém, voltaram a ocorrer no sábado, último dia
do evento.