Por: Tônia Horbatiuk Dutra
A natureza do homem é seu maior fascínio, sua melhor dádiva e seu grande problema! Caso fosse um ser simples, delimitável, ou minimamente estável e uniforme, não haveria de provocar verdadeiras erupções vulcânicas em copo d’água, na sua singular história de alguns milhões de anos.
Ao perceber-se habilidoso com a matéria, tratou de manipulá-la e dominá-la. Ao contrapor-se a outros homens, tomou gosto pela disputa. Ao refinar suas sensibilidades etéreas alçou patamares inimagináveis, elevando-se à condição de criador.
A complexidade humana reside na sua estranheza em ser na natureza e na cultura e equilibrar as exigências na sua condição de agente, potência desejosa de realização.
Seria mais fácil se nos bastasse assimilar nutrientes, fazer a fotossíntese, desabrochar em flores e em seguida perecer; ou mesmo, caçar em campo aberto e atender necessidades vitais: um rugido mais forte, a força bruta, o ninho.
Mas não é assim. Quando temos comida, queremos casa; quando temos abrigo, queremos carro; quando temos locomoção, queremos viagens; quando temos a casa dos amigos, queremos Paris; quando temos Paris, queremos a Lua, Marte, satélites prateados monitorados por máquinas e mais máquinas.
Isso significa que o homem é fantástico, sim. Ele não para de inventar e desejar outras experiências, para os sentidos, para o intelecto, para o corpo e para a alma. É esse exercício que alimenta a liberdade humana e testa seus limites.
E é nesse ponto que o homem se depara com as limitações físicas do oikos, a sua casa Planeta Terra, para acompanhar seu ritmo frenético de invencionices.
Estamos vivendo uma transição muito profunda, que diz respeito à ciência, à ética e à economia, cujas respostas provêm dessa incessante busca de sentido que é a existência humana. Vem da percepção individual e coletiva de que mais do que transacionar matéria, precisamos compartilhar ideias e ideais. Que a capacidade criativa e realizadora do homem se potencializa quando reciprocamente sintonizada, e se propaga como energia positiva, produzindo o novo em harmonia.
FONTE: AcontecendoAqui