sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Os dilemas dos diretores globais de criação

Com vidas atribuladas, eles precisam ganhar Leões em um mercado disputado, mas respeitando certos limitesEles nunca foram tão importantes para a publicidade quanto agora. Conforme as disputas pelos Leões do Festival de Cannes e por outros prêmios do mercado se tornam mais agressivas, os diretores globais de criação precisam ampliar a quantidade de Leões de sua rede, mas sem ultrapassar determinados limites éticos.

Ocorre que, embora ganhar um prêmio esteja longe de ser um pecado, nem todas as opiniões sobre o rumo que a função tomou nos últimos anos são positivas. “O trabalho desses profissionais acaba sendo o de fazer mais pontos como rede. E há pessoas com boas e más intenções. Algumas ajudam a rede a ser mais relevante para o mercado, mas há outras que são dirigidas por ­rankin­gs­, que ficam medindo quantos pontos vale o shortlist ou o bronze”, critica Tony Davidson, sócio e diretor de criação da Wieden+Kennedy de Londres.
Curiosamente, Davidson pertence à rede que conquistou o prêmio de Agência do Ano no Cannes Lions 2012, com o escritório de Portland. No entanto, discorda de alguns aspectos inerentes ao Festival. “Do dinheiro que as agências investem em inscrições em Cannes, volta zero em benefício para o mercado. Por vezes, esse jogo de redes se torna falso”, acusa, em referência a trabalhos que não primam pela relevância.
Ninguém fala abertamente sobre quem é mais agressivo na luta por Leões, mas alguns deixam claro que existem vários casos de exageros. “Há redes que não são reconhecidas pela criatividade e que precisam ter bom resultado nas premiações para mudar esta imagem”, provoca Kassaei, da DDB.
Ele afirma ainda que há uma percepção errada das agências, que sobrevalorizam as premiações. “Vencer não tem nada a ver com performance verdadeira. Os prêmios são apenas um dos indicativos de qualidade de uma agência e há pelo menos outros dez que devem ser levados em conta. A maioria das agências está com o foco errado. Não deveriam olhar somente prêmios, mas sim ganhar em diversas dimensões, como a de performance de negócios”, analisa Kassaei.
Jean-Marie Dru, chairman da rede TBWA, avalia que a situação é triste para o mercado. “Nada é mais bonito do que uma ideia nova e criativa. E quando começam a mudar a perspectiva e colocar o prêmio à frente, o mercado sai prejudicado”, aponta.

Método para vencer
A despeito de opiniões mais fortes em relação ao trabalho dos diretores globais de criação, alguns líderes abordam a questão de maneira menos complexa. “Nosso objetivo não é aumentar a quantidade de Leões, mas sim a qualidade do trabalho. É totalmente diferente”, acredita Erik Vervroegen, da Publicis.

“Pessoas sérias neste mercado podem diferenciar facilmente uma campanha que é criada com o propósito de ganhar prêmios daquele anúncio que é resultado de trabalho duro que reinventa a categoria. Basta ter uma aprovação oficial do cliente e um plano de mídia sólido por trás para reconhecer isso”, diz.

Da mesma forma, Mark Tutssel, diretor global de criação da Leo Burnett, não coloca o prêmio como um fim. “Eles são apenas a conclusão lógica de uma comunicação brilhante. Tanto que, os diretores de marketing das marcas mais importantes do mundo estavam em Cannes para ver as melhores ideias”, frisa.

Tham Khai Meng, da Ogivly, afirma que trabalhos feitos para festivais sequer podem ser apresentados a ele dentro da rede e que é fácil identificar o que é fantasma. Ele critica o que também chama de “vitória por doping”. “É a mesma coisa que fez o Lance Armstrong”, compara, citando o ciclista campeão da Volta da França por sete vezes que foi abolido do esporte.
Dru, da TBWA, reforça a corrente que defende que os prêmios não podem ser objetivo, mas ­consequência. “Temos John Hunt como diretor global de criação e Lee Clow como CCO. E eles não estão forçando este tipo de situação. Sua função é fazer a criatividade evoluir em todas as agências da rede no mundo”, ressalta.

Da mesma forma, Tutssel sai em defesa da importância de sua função. “Precisamos operar como uma rede de verdade, não em silos. A força global de uma rede só é possível quando uma agência trabalha por todas. E grandes campanhas globais têm resultados melhores se pedirmos ajuda aos melhores talentos”, analisa.

Mas, enquanto buscam esclarecer o real papel estratégico da função, os diretores globais de criaçã o continuam lidando com desconfianças de gente que os vê como competidores no Coliseu lutando contra, ou, neste caso, pelos Leões.
 Quem são os líderes criativos das principais redes globais

Interpublic

DraftFCB — Não possui o cargo de diretor global de criação e tem parte das atribuições concedidas à “creative rumble”, rede de colaboração que reúne criativos regionais e mundiais para briefings e outras demandas específicas que necessitem de apoio.

Lowe — José Miguel Sokoloff tornou-se presidente do conselho criativo global em 2011. Ele tem origem na colombiana Lowe SSP3, que se destacou no Festival de Cannes de 2012 com o case “Rios de Luzes”, para o Ministério da Defesa do país.

McCann — Não possui diretor global de criação. A rede mantém a Creative Leadership Collective, cuja missão é garantir a qualidade criativa em todos os escritórios. O atual chairman, que cumpre um período de 18 meses que se encerra ao final de 2013, é o sueco Linus Karlsson, contratado junto à Mother em novembro de 2010. Ele sucedeu ao indiano Prasoon Joshi. O brasileiro Washington Olivetto, chairman e CCO da WMcCann, também faz parte do conselho composto por seis profissionais.

Omnicom

BBDO — A rede não possui o posto de diretor global de criação, mas sim um conselho composto por nove líderes, entre os quais Marcello Serpa, sócio e diretor-geral de criação da AlmapBBDO, e David Lubars, chairman e CCO da rede na América do Norte.

DDB — Amir Kassaei, iraniano crescido na Áustria, era líder da operação alemã, que obteve ótimos resultados criativos. Por conta disso, foi apontado como CCO em fevereiro de 2011, substituindo Bob Scarpelli, que se aposentou.

TBWA — Nascido na Zâmbia, John Hunt fundou a TBWA/Hunt/Lascaris na África do Sul em 1983. Posteriormente, envolveu-se na campanha política de Nelson Mandela, em 1993. Com bons resultados no escritório sul-africano, assumiu o cargo de diretor global de criação em 2003.

Publicis Groupe

BBH — Alexandre Gama, presidente e diretor geral de criação e planejamento da Neogama/BBH, foi nomeado este ano para o posto de worldwide chief creative officer da rede inglesa, no qual substitui John Hegarty, fundador da BBH e um dos principais nomes da história da publicidade mundial.

Leo Burnett — O britânico Mark Tutssel é diretor global de criação desde maio de 2006, quando substituiu Miguel Angel Furones, fundador da unidade de Madri. Tutssel fez carreira na rede, tendo passagem pelos escritórios de Londres e Nova York.

Publicis — O belga Erik Vervroegen é o nome por trás do tetracampeonato da TBWA Paris no Festival de Cannes, entre 2003 e 2006. Em setembro de 2011, deixou a Goodby, Silverstein & Partners e partiu para o comando criativo global da Publicis.

Saatchi&Saatchi — Desde que Bob Isherwood deixou a agência em 2008, após 22 anos de casa, ninguém foi apontado oficialmente para o cargo de diretor global de criação. A liderança é exercida pelo board criativo, liderado por Robert Senior desde março de 2010. O brasileiro Fabio Fernandes, presidente e diretor de criação da F/Nazca S&S, e o argentino Pablo del Campo, CEO da Del Campo S&S, fazem parte do grupo.

WPP

Grey — O britânico Tim Mellors foi jornalista, diretor de comerciais e de uma série na BBC antes de entrar para a publicidade. Passou por Publicis, S&S e teve a sua Agency Mellors Reay. Assumiu, em 2004, a presidência do escritório da Grey na América do Norte e, em 2007, o cargo global de criação, bem como o posto de vice-chairman.

JWT — O argentino Fernando Vega Olmos deixou na semana passada a direção global de criação. Ele sucedeu, em 2010, o australiano Craig Davis, que exercia o papel desde 2005 e que preferiu retornar à Austrália, sua terra natal.

Y&R — Tony Granger chegou ao cargo em novembro de 2007. Antes, era diretor executivo de criação da Saatchi&Saatchi de Nova York. Assumiu o lugar de Michael Patti.

Ogilvy — Desde janeiro de 2009 no cargo, Tham Khai Meng assumiu a função pelos ótimos resultados da Ogilvy na Ásia, fato que elevou inclusive o CEO Miles Young à liderança executiva global. Meng é tido como primeiro asiático a assumir a direção global de criação de uma das grandes redes globais.

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Net-working ou Not-working? Eis a questão!

Durante a história da humanidade, conquistas, descobertas, guerras e paixões foram tecidas por meio dos fios do relacionamento humano. 
Por: Martha Gabriel
"É impossível ser feliz sozinho" - essas sábias palavras de Tom Jobim em "Wave", retratam uma das maiores verdades da vida: precisamos uns dos outros, tanto na vida pessoal quanto na vida profissional. A felicidade e o sucesso vêm das relações humanas, das conexões, que fazem com que a vida e os negócios fluam e floresçam. Diz o ditado "Quem tem um amigo tem o maior tesouro". Durante a história da humanidade, conquistas, descobertas, guerras e paixões foram tecidas por meio dos fios do relacionamento humano. Assim, a nossa natureza está sempre em busca dos contatos corretos para nossos empreendimentos - seja para constituir família, ou para alavancar negócios.

Networking de negócios é uma atividade socioeconômica em que grupos de pessoas com objetivos similares se reconhecem, criam ou agem em oportunidades de negócios. Portanto, a meta de fazer networking é criar uma rede social com interesses de negócios.

Apesar de networking não ser uma prática nova ou moderna, vivemos hoje uma era com possibilidades gigantescas de conexão, sem precedentes na história. Por outro lado, a proximidade digital entre as pessoas causa um falso senso de intimidade que, por muitas vezes, pode causar problemas ao invés de alavancar relacionamentos. Se bem utilizado, o networking na era digital é poderosíssimo para potencializar relacionamentos, mas se mal aplicado, tem o efeito contrário - afasta ao invés de atrair. A proliferação de plataformas de redes sociais combinadas com a facilidade de se encontrar pessoas no ambiente online, faz com que literalmente todos estejam ao nosso alcance para conectar. No entanto, ter uma pessoa a um clique de distância, não significa que você possa, ou deva, conversar com ela como se fossem amigos. Se você encontrar uma personalidade na rua ou em um evento, o fato de ela estar a um passo de distância, não significa que ela se tornou sua amiga. Você continua precisando iniciar o relacionamento devagar, passo a passo, de forma gradativa e aprofundando o relacionamento. Para qualquer relacionamento florescer é preciso encontrar um ponto de contato, algum interesse em comum e a forma certa de aproximação e desenvolvimento. O bom senso, a educação e a ética são a base e a essência de qualquer ação que envolva relacionamento humano. Por mais que tecnologia catalise as possibilidades de conexão, a arte do relacionamento continua dependendo das nossas habilidades humanas e não tecnológicas.

Dessa forma, fazendo uma reflexão sobre o networking na era digital, seguem algumas considerações:
1. Equilíbrio - Networking é bom, mas se você só faz isso, não tem tempo para mais nada, principalmente produzir e ter conteúdo para manter qualquer relacionamento de negócios.
2. Interesse Comum - É preciso ter objetivo e conteúdo antes de fazer networking. Se você não tiver algum interesse em comum com a outra pessoa, o relacionamento tende a morrer ao invés de florescer.
3. Quantidade vs Interatividade - Networking não é ter milhares de contatos nas redes sociais - é interagir com eles, estar presente em algum grau e de forma interessante na vida do outro. (nada adiantar marcar um café sem ter o que falar. Na hora certa, a conexão aparece (case Palestrarte)
4. A pessoa mais importante no networking é o OUTRO - Networking não é só falar e focar em você - networking é principalmente ouvir para CONECTAR. O vídeo a seguir ilustra isso:

http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=XuM0KtW73WU

5. Networking não é só online, é presencial também - Mostre a sua cara. Um abraço ainda não tem equivalente digital. O encontro pessoal é ESPECIAL - valorize isso. Presença online é importante, mas nada substitui um abraço pessoal.
6. Networking é respeitar o TIMING e os LIMITES de interesse do outro - Não adianta insistir quando o outro não está interessado no relacionamento. Se existir interesse mútuo, em algum grau, a proximidade cresce naturalmente.
7. Valorize o seu tempo - As estratégias de marketing de relacionamento focam na otimização do Life Time Value do consumidor/cliente, ou seja, investe-se mais em prospects e clientes que têm maiores possibilidades de dar lucro à empresa. O mesmo critério pode ser aplicado em networking de negócios: invista mais tempo nos contatos e relacionamentos com maiores possibilidades de negócios. Tempo é um recurso inelástico.
8. NUNCA peça recomendações a quem nunca trabalhou com você ou para quem te conheça pouco - Se você realmente admira e respeita alguém com quem trabalhou e gostaria que essa pessoa te recomendasse, recomende-a primeiro. Ela vai lembrar de você e isso é o suficiente para ela te recomendar, se ela QUISER.
9. Networking deve ser estratégico e não ao acaso - Networking não é fazer apenas conexões sociais, mas também planejar conexões propositais com pessoas que possam enriquecer a sua visão de mundo. As conexões sociais focam na busca do que gostamos, que nos reforça. As conexões propositais com pessoas de outras tribos, outros hábitos e habitats, fora do escopo do nosso negócios, abrem portas para novas ideias.
10. Cada pessoa é única, portanto customize o contato, não padronize - Não use texto padrão do LinkedIn para conectar com quem te conhece pouco. Se você usar um texto personalizado, a chance da pessoa se lembrar de você e te aceitar, é bem maior. Para pessoas que realmente te conhecem bem, o texto padrão é suficiente, apesar de um texto personalizado ser sempre mais simpático.
11. Cuide do seu conteúdo online: sua imagem, reputação, etc. - a melhor ferramenta de networking hoje, é isso: ter conteúdo bom e encontrável sobre você online! Hoje são feitas 1 bilhão de buscas por nomes todos os dias. Todo mundo tem acesso às suas informações, se elas existirem. Se você tem uma fraca (ou inexistente) presença online, ou pior, se você tiver uma presença online ruim, isso prejudica qualquer tentativa de relacionamento de negócios. Você será julgado pelo seu conteúdo online. Assim, a melhor maneira de encontrar quem interessa para fazer networking, é ser encontrado por eles ;-)

Essas são apenas algumas reflexões sobre Networking de negócios, e seria impossível abordar todos os aspectos e derivações dessa arte de relacionamento em um texto. No entanto, lembrando que networking é "net" (rede) + "working" (trabalho), todas as regras e recomendações resumem-se às estratégias de relacionamento (bom senso, ética, educação) associadas a estratégias de negócios (foco e objetivo) - essas habilidades são essenciais, independente das tecnologias e variações dos ambientes de conexão.

FONTE: Cidade Marketing

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Algemas de ouro

Por: Marcos Hashimoto

Luis Carlos é um grande amigo que conheci há 10 anos quando trabalhamos juntos em um grande banco. Extremamente competente, ele sempre foi para mim um modelo a ser seguido. Cheio de energia e idéias, era o profissional que fazia a diferença em qualquer lugar onde trabalhasse. Implementou vários produtos novos, foi responsável por grandes projetos estratégicos, sabia se cercar de talentos sempre motivados, conseguia conciliar sua vida pessoal com a profissional com maestria invejável, tinha foco e concentrava esforços no que era importante, tinha visão de futuro e investia hoje para colher amanhã. Tinha tanta auto confiança que sabia os momentos certos em que podia se expor e brigar com quem tivesse que brigar. Suas opiniões eram sempre respeitadas e acatadas. Sua capacidade de perceber o ambiente e identificar oportunidades era inigualável. Da mesma forma, nunca vi ninguém com melhor capacidade de comunicação e de influenciar pessoas.

Acompanhei sua carreira desde que nos conhecemos. Após muitas conquistas, ele se orgulha de ter chegado ao topo de sua carreira: diretor de tecnologia de uma multinacional francesa. Sua vida era boa, tranqüila, constituiu uma bela família e vive confortavelmente em um bairro nobre de São Paulo. Há três meses fui à sua casa para um jantar com nossas famílias e ele aproveitou para me confidenciar um dilema que estava vivenciando.

Uma empresa de tecnologia de sistemas americana o havia procurado havia poucas semanas oferecendo-lhe a seguinte proposta: Abrir a primeira subsidiária da empresa no Brasil, com total independência para prospectar mercado, contratar pessoas, estabelecer parcerias, estruturar serviços, definir estratégias, enfim, montar todo o negócio do zero. Eles lhe disponibilizariam o software, suporte técnico e treinamento e todo o material para divulgação. ‘No começo fiquei muito entusiasmado' disse ele, ‘até que ouvi o lado negativo da história'.

Ele não teria salário, sua remuneração viria dos resultados que obtivesse. Ele também teria que levantar a maior parte do capital necessário para instalar o negócio. Acima de tudo, ele assumiria toda a responsabilidade sobre o empreendimento, fosse um sucesso ou um fracasso. ‘Não sei se estou pronto para abandonar tudo o que tenho por uma aventura destas, mas a oportunidade é fantástica, porque eu conheço o produto dele, é muito bom e acredito realmente que seria um grande sucesso, pois eu conheço muito bem este mercado', ponderou.

Seu dilema é igual ao de muitos executivos do mercado. Luis sempre sonhou em abrir seu próprio negócio, mas nunca surgiu a oportunidade. No início de sua carreira entrou em uma grande empresa só para adquirir o aprendizado necessário e juntar capital para perseguir seu sonho. Junto com este aprendizado, veio também o reconhecimento e as oportunidades de carreira. Junto com as perspectivas de crescimento, os salários crescentes, os benefícios cada vez melhores, a reputação construída dentro da empresa e no mercado, a admiração de equipes e colegas, o bônus altamente atrativo no final do ano, o poder adquirido com a ascensão na pirâmide hierárquica, uma sala privativa, título de clube exclusivo, uma secretária e equipe de 20 profissionais de alto nível à sua disposição, carro da empresa, despesas pagas, plano de previdência privada, etc. No âmbito familiar, o conforto e o bem estar proporcionado para esposa e filhas, incluindo aí boas escolas, viagens internacionais todos os anos, presentes caros, fins de semana tranqüilos no clube, vida social ativa e de alta qualidade e uma imagem de vencedor invejada e admirada por parentes e amigos. E o seu sonho do negócio próprio vai ficando distante, pequeno e insignificante diante do rumo que sua carreira tomou.

Aí então a oportunidade que ele tanto esperava surge de uma forma irrecusável. Por mais atrativa que seja uma proposta como esta, a incerteza e o risco piscam luzes vermelhas de alerta em sua cabeça com uma relevância que certamente não existiria se ele ainda fosse um analista de sistemas. Mas se ele fosse ainda um analista de sistemas uma proposta como esta seguramente não cairia no seu colo.  O que você faria no lugar de Luis? Até que ponto você estaria abrindo mão de seus sonhos pelo canto da sereia do mundo corporativo? Em que momento nos deixamos corromper por estas ‘algemas de ouro' que nos prendem às conquistas obtidas e nos impedem de dar novos saltos em sua vida profissional?

Estaria ele disposto a resgatar seu sonho, não deixar passar esta oportunidade, e enfrentar as dificuldades inerentes ao empreendedor? Estaria ele pronto para se defender de todos que o criticarão, principalmente sua própria família que mais sofrerá com esta decisão? Outra coisa, ele sabe que tem uma excelente formação como executivo, mas ele não tem certeza se esta formação é suficiente para ser um empreendedor. Ele tem plena consciência que outras habilidades serão necessárias para conduzir um novo negócio, mas ele nunca investiu no desenvolvimento destas competências.  Como especialista em empreendedorismo eu não podia deixar de mostrar as vantagens de enfrentar o risco, principalmente para o desenvolvimento pessoal, mas também fui obrigado a reconhecer a força das algemas de ouro. No entanto, de tudo o que falei, uma coisa lhe chamou a atenção quando lhe perguntei: ‘Se você partir para esta aventura e não der certo, até que ponto este "fracasso" mancharia seu currículo?'

Sua primeira e instintiva resposta foi acreditar que jamais haveria espaço no mundo corporativo para ele, pois existiria preconceito contra ex-executivos que se tornam empreendedores fracassados e tentam voltar para as grandes empresas. Eu disse a ele que boas empresas já quebraram este paradigma, principalmente depois que elas descobriram, no início da década, o valor dos executivos que abandonaram seus empregos para entrar no mundo da internet e foram apanhados pelo estouro da ‘bolha' da especulação. Alguns destes executivos voltaram para seus empregos originais com uma bagagem e experiência para novos negócios que dificilmente adquiririam em seus empregos. Muitas empresas estão percebendo o valor do aprendizado adquirido ‘lá fora'.

Luis me escutou. Tomou a decisão de se arriscar diante da possibilidade de aprendizado e enriquecimento pessoal. Fiquei contente por ele. Algum tempo depois, voltei a encontrá-lo e quando perguntei como ia o novo empreendimento fiquei surpreso com sua resposta. Ele mudou de idéia e continuou no seu emprego. ‘Por quê?' perguntei surpreso. Sua resposta foi lacônica, em um tom de voz que me antecipou tudo: ‘Perguntei à minha família o que eles achavam e você já sabe como foi a reação!'.

FONTE: Cidade Marketing

Qual o valor da idéia?

A propaganda criativa tem como base boas idéias e numa escala imensurável, as grandes idéias. O valor de uma idéia publicitária não mede apenas pelo faturamento - até porque nem sempre é possível fazer a conta certa –, mas o quanto ela enriquece a marca e torna ela uma alavanca de negócios. Fica mais complexo ainda devido a marca ter diferentes dimensões e exigir metodologias sofisticadas.
A gente sabe que boas idéias vendem mais, colocam a marca no ouvidos e nos olhos das pessoas, sobem a auto-estima dos colaboradores, gestores e, principalmente sócios e acionistas, fazem a empresa ser desejada por melhores fornecedores, funcionários. As pesquisas de recall mostram o aspecto memorização.
Pelas minhas diferentes observações na publicidade, diria que a criatividade - mãe dessas idéias -,  é quase como uma crença. Você acredita, sente, não pode pegar mas está ali para ajudá-lo. A crença nas boas idéias dão coragem aos empresários.
Anunciante que acredita em boas idéias sabe que não pode tirar um extrato da contabilidade da empresa, depois de uma campanha. pois tem ali também capital cognitivo da marca. As grandes idéias publicitárias na sua maioria são parte da história de empresas criativas no seu negocio como um todo. Hoje, as inovadoras.

FONTE: AdOnline

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Inkomodou

Mais uma vez a ficção foi usada pra mostrar a essência da realidade (gosto mais de ler obras de ficção exatamente por isso). O lançamento da agência fictícia Komodo causou tanto impacto porque escancarou o que era murmurado nas entrelinhas conservadoras, e foi levado a sério porque vinha recheado de verdades ocultas. Rarrá!, muita gente riu depois, mas no fundo ficou com raiva, porque acreditava exatamente naquilo que a campanha revelou estar ridicularizando. Há mais dragões circulando pelo mercado do que imagina nossa vã filosofia. Ponto pra DM9DDB, ponto pro IAB.

Não sou fã incondicional das pegadinhas publicitárias. Acho que devem ser usadas com moderação, sob pena de desqualificarem tudo, desde os classificados de “melhor emprego do mundo” até as jovens que vendem sua virgindade na internet, mas a pertinência dessa campanha a coloca a salvo de questionamentos. Fez lembrar do lançamento que fizemos na Giovanni de uma cerveja bizarra: “Solid – a cerveja que você come”, criação de Fernando Campos e Carlos André Eyer, com direção de Cristina Amorim e alguns pitacos meus. Era só uma brincadeira pra demonstrar a multiplicidade de formatos viabilizáveis pelo jornal O Globo, um balaio de formatos diferenciados ilustrando o que seria possível fazer com um produto evidentemente absurdo. O curioso é que os estressados habitantes do segmento cervejeiro entraram em pânico e ligaram para o jornal ofegantes, tentando descobrir que concorrente estava fazendo aqueles teasers. Eles acreditaram que uma cerveja sólida estaria chegando ao mercado, assim como tantos acreditaram que uma agência com o perfil da Komodo teria como existir e subsistir.

Provoca reflexão. Mostra que nos dias de hoje tudo é possível, até mesmo se propor a negar as evidências que o mundo online esfrega em nossas caras diariamente. Mostra que, em tempos de novela na Capadócia (coincidência irresistível neste finzinho de texto), o dragão ainda respira e sonha em desafiar a galera para duelos fora de época. 


FONTE: Meio e Mensagem
Mais uma vez a ficção foi usada pra mostrar a essência da realidade (gosto mais de ler obras de ficção exatamente por isso). O lançamento da agência fictícia Komodo causou tanto impacto porque escancarou o que era murmurado nas entrelinhas conservadoras, e foi levado a sério porque vinha recheado de verdades ocultas. Rarrá!, muita gente riu depois, mas no fundo ficou com raiva, porque acreditava exatamente naquilo que a campanha revelou estar ridicularizando. Há mais dragões circulando pelo mercado do que imagina nossa vã filosofia. Ponto pra DM9DDB, ponto pro IAB.

Não sou fã incondicional das pegadinhas publicitárias. Acho que devem ser usadas com moderação, sob pena de desqualificarem tudo, desde os classificados de “melhor emprego do mundo” até as jovens que vendem sua virgindade na internet, mas a pertinência dessa campanha a coloca a salvo de questionamentos. Fez lembrar do lançamento que fizemos na Giovanni de uma cerveja bizarra: “Solid – a cerveja que você come”, criação de Fernando Campos e Carlos André Eyer, com direção de Cristina Amorim e alguns pitacos meus. Era só uma brincadeira pra demonstrar a multiplicidade de formatos viabilizáveis pelo jornal O Globo, um balaio de formatos diferenciados ilustrando o que seria possível fazer com um produto evidentemente absurdo. O curioso é que os estressados habitantes do segmento cervejeiro entraram em pânico e ligaram para o jornal ofegantes, tentando descobrir que concorrente estava fazendo aqueles teasers. Eles acreditaram que uma cerveja sólida estaria chegando ao mercado, assim como tantos acreditaram que uma agência com o perfil da Komodo teria como existir e subsistir.

Provoca reflexão. Mostra que nos dias de hoje tudo é possível, até mesmo se propor a negar as evidências que o mundo online esfrega em nossas caras diariamente. Mostra que, em tempos de novela na Capadócia (coincidência irresistível neste finzinho de texto), o dragão ainda respira e sonha em desafiar a galera para duelos fora de época. 


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Cineminha brasileiro: luz, câmera e conversa

Contabilizada a venda de ingressos, pipoca e publicidade o negócio de cinema no Brasil deverá fechar o ano de 2012 com faturamento não superior a 1,8 bilhão de reais. Ou seja, o cinema é um negócio pequeno nesses trópicos.

De cinco a oito de novembro em Miami acontecerá a Show East, evento internacional que reúne a indústria do cinema (produtores, distribuidores, exibidores e fornecedores) para apresentação dos lançamentos do próximo semestre e, como ocorre nessas ocasiões, muitos brasileiros se deslocam até os Estados Unidos para se familiarizarem com as novidades, conhecerem os avanços da exibição, trocar impressões sobre o ano que finda e expectativas sobre o que está prestes a iniciar.

Conversam muito os executivos do cinema nacional. Contam e ouvem histórias recorrentes sobre o mercado brasileiro e simulam uma relevância que, definitivamente, a atividade não possuí.

Faltam 2,5 mil salas de cinema no Brasil, mas os exibidores continuam aguardando o lançamento de shoppings centers para participarem dos leilões promovidos pelos empreendedores e não vislumbram formatos alternativos.

Faltam recursos para digitalização das salas brasileiras, mas os exibidores continuam a espera da definição de um modelo de negócio aos moldes do implantado nos Estados Unidos e Europa em que as distribuidoras pagam parte dessa conta mesmo que, para o mercado brasileiro, essas empresas nunca tenham manifestado o menor desejo de fazê-lo.

Faltam financiamentos públicos para o processo de modernização da planta de exibição nacional, mas os donos de salas de cinema não conseguem estabelecer uma política de consenso entre eles o que desestimula qualquer sinalização de oferta dos recursos federais.

Faltam interlocutores confiáveis e lideranças consistentes. Portanto sobra conversa o que, definitivamente, não colabora para a consolidação do negócio.

Em Miami, durante os quatro dias, falsos profetas, figurinhas carimbadas com folha corrida de causar vergonha, promoverão debates e, com a assertividade dos delinquentes, pregarão o caos da exibição caso não se siga, faça e, principalmente, pague o que dizem. A falação irá continuar sem nenhuma definição objetiva dos necessários caminhos alternativos para a implantação de um modelo de negócio mais autônomo para as salas de projeção do país. 


FONTE: Meio e Mensagem

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Minha marca é Top Of Mind.

Se a sua empresa está em bolsa, é bom verificar amanhã se as ações não subiram e com elas o capital da empresa. Será que os acionistas e o mercado de capitais ficaram sabendo em tempo?
Ganhar um título de Top Of Mind é sempre compensador. Saber que o valor da marca alavanca negócios e a reputação dela gera fluxo de caixa, é um dosmomentos mais gratificantes para quem administra empresas com as diretrizes do branding.

Nessas horas  é que a diferença em fazer comunicação para vender e comunicação para construir marca  entra na conta. Não é uma conta simples de se fazer. São muitos os componentes que determinam o preço de uma empresa e outros de uma marca. Pelo lado da empresa todos os seus ativos e fluxo de caixa descontado e por outro o quanto o intangível percebido - conhecimento, lembrança, associações, qualidade e valores, entre outros - alavanca fluxo de caixa, negócios.

Ter um Top Of Mind é nota elevada no conhecimento de um nome de uma empresa e espalha por toda a cadeia de comunicação da marca. É bom fazer também, rever toda a cadeia de formação da percepção de marca e usar  a lembrança do nome para irrigar as suas diferentes dimensões e entre elas a desejada reputação.


FONTE: AdOnline

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Autenticidade na responsabilidade social

“A educação é um processo social, é desenvolvimento.
Não é a preparação para a vida, é a própria vida.”

(John Dewey)
Responsabilidade social é um dos imperativos do mundo corporativo moderno. Para algumas organizações isso se resume meramente a práticas de cunho assistencialista. A distribuição de ovos de páscoa em abril, uma campanha do agasalho organizada durante o inverno, brinquedos distribuídos no dia das crianças e cestas básicas ofertadas no Natal funcionam como pequenas indulgências ao empresariado. A sensação de legar uma contribuição à comunidade consegue amainar o espírito e promover o bem, ainda que de forma pontual.
Outras empresas são eficientes em praticar marketing social. O importante não são as realizações, mas a repercussão midiática das ações tidas como sociais. Assim, investe-se mais em material publicitário e assessoria de imprensa do que nas pessoas beneficiadas, com foco precípuo na imagem institucional. Agindo assim, correm elevado risco, haja vista que a sociedade, apoiada pelas redes sociais, está atenta para denunciar publicamente um comportamento antiético.
Contudo, a autêntica responsabilidade social é exercida por companhias com visão de futuro, capazes de iniciativas de longo prazo, autossustentáveis e passíveis de serem replicadas, transformando positivamente a realidade dos envolvidos.
Dentro deste contexto, ações de caráter socioeducativo estão entre as mais dignas de serem desenvolvidas. O primeiro passo é a capacitação dos próprios funcionários, desenvolvendo competências que conduzam ao aprimoramento profissional, com consequente aumento da produtividade e elevação da autoestima. É a iniciativa privada mais uma vez suprindo as deficiências do Estado.
O chamado “apagão da mão de obra” é uma triste realidade evidenciada estatisticamente. Segundo o Sistema Nacional de Emprego (SINE), braço do Ministério do Trabalho e Emprego responsável pela intermediação de mão de obra e apoio ao programa de geração de emprego e renda, mais de 60% das vagas ofertadas em 2009 não foram preenchidas porque os candidatos não atendiam os pré-requisitos mínimos exigidos pelas organizações.
Construtoras brasileiras, em um momento de pujança do setor imobiliário, estão sendo obrigadas a importar engenheiros, em especial de outros países latinos, porque o número de profissionais formados anualmente em nosso país (32 mil, em 2008), atende a menos da metade da demanda de mercado.
O segundo passo consiste em transpor o processo educacional para além dos muros da corporação, alcançando os familiares. Um bom exemplo é a educação financeira. O papel de uma empresa não é facilitar o acesso ao crédito consignado, mas ensinar seus funcionários a lidar com o dinheiro. E o êxito desta tarefa depende eminentemente da participação do cônjuge.
Por fim, deve-se envolver a comunidade. O objetivo deve ser a integração do público com o privado. A promoção de manifestações artísticas e culturais, a conscientização da cidadania e o desenvolvimento de um senso de pertencimento e propriedade possibilitam a construção de uma sociedade mais equilibrada, com menos conflitos e maiores oportunidades. De quebra, as empresas investem na formação de um promissor mercado consumidor para seus produtos e serviços.
Associado a estes aspectos temos outros fatores fundamentais, com destaque para a adoção de políticas de estímulo à diversidade e a inclusão de pessoas com deficiência, as quais não são uma minoria silenciosa, posto que representam parte significativa da população brasileira.

FONTE: AcontecendoAqui