Contabilizada a venda de ingressos, pipoca e publicidade o negócio de
cinema no Brasil deverá fechar o ano de 2012 com faturamento não superior a 1,8
bilhão de reais. Ou seja, o cinema é um negócio pequeno nesses trópicos.
De cinco a oito de novembro em Miami acontecerá a Show East, evento
internacional que reúne a indústria do cinema (produtores, distribuidores,
exibidores e fornecedores) para apresentação dos lançamentos do próximo
semestre e, como ocorre nessas ocasiões, muitos brasileiros se deslocam até os
Estados Unidos para se familiarizarem com as novidades, conhecerem os avanços
da exibição, trocar impressões sobre o ano que finda e expectativas sobre o que
está prestes a iniciar.
Conversam muito os executivos do cinema nacional. Contam e ouvem histórias
recorrentes sobre o mercado brasileiro e simulam uma relevância que,
definitivamente, a atividade não possuí.
Faltam 2,5 mil salas de cinema no Brasil, mas os exibidores continuam
aguardando o lançamento de shoppings centers para participarem dos leilões
promovidos pelos empreendedores e não vislumbram formatos alternativos.
Faltam recursos para digitalização das salas brasileiras, mas os exibidores
continuam a espera da definição de um modelo de negócio aos moldes do
implantado nos Estados Unidos e Europa em que as distribuidoras pagam parte
dessa conta mesmo que, para o mercado brasileiro, essas empresas nunca tenham
manifestado o menor desejo de fazê-lo.
Faltam financiamentos públicos para o processo de modernização da planta de
exibição nacional, mas os donos de salas de cinema não conseguem estabelecer
uma política de consenso entre eles o que desestimula qualquer sinalização de
oferta dos recursos federais.
Faltam interlocutores confiáveis e lideranças consistentes. Portanto sobra
conversa o que, definitivamente, não colabora para a consolidação do negócio.
Em Miami, durante os quatro dias, falsos profetas, figurinhas carimbadas com
folha corrida de causar vergonha, promoverão debates e, com a assertividade dos
delinquentes, pregarão o caos da exibição caso não se siga, faça e,
principalmente, pague o que dizem. A falação irá continuar sem nenhuma
definição objetiva dos necessários caminhos alternativos para a implantação de
um modelo de negócio mais autônomo para as salas de projeção do país.
FONTE: Meio e Mensagem
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