quarta-feira, 7 de março de 2012

Mulheres se destacam na criação

Mercado tem buscado mais profissionais femininas para falar com seu público-alvo

Não é novidade que as mulheres vêm conquistando mais espaço no mercado de trabalho. Um dos grandes fatores para essa crescente participação feminina é a maior diversidade de funções que elas vêm ocupando. E na propaganda isso não é diferente, pois elas têm se mostrado cada vez mais presentes, principalmente em áreas consideradas, até então, masculinas, como é o caso da criação.

Nomes importantes como Helga Miethke, Magy Imoberdof, Christina Carvalho Pinto, Ana Carmem Longobardi e Adriana Cury não são mais exceção à regra. Apesar de ainda ser um mercado, em sua maioria, formado por homens, hoje as mulheres já ocupam lugar de destaque em grandes agências – como é o caso, por exemplo, de Sophie Schoenburg, Ana Carolina Reis, Suzana Haddad e Luciana Haguiara, da AlmapBBDO; Keka Morelle, da DM9DDB; Joana Monteiro, da Africa; Laura Esteves, da Y&R; Daniela Ribeiro, da Fischer & Friends; Lisi Kindlein, da F.biz; Renata Melman, da 100% Design, entre outras.

De acordo com Gal Barradas, ceo da F.biz, essa mudança e o número cada vez mais frequente do sexo feminimo nas agências acompanha uma evolução da própria sociedade. Segundo ela, criou-se um estereótipo da mulher que tinha que exercer outras funções, como mãe, dona de casa, e não teria disponibilidade para se dedicar à criação, já que exigia uma demanda de tempo maior. Mas, para a publicitária, isso vem mudando e a presença feminina é cada vez mais percebida. De acordo com ela, isso porque o perfil das agências também está mudando e a preocupação com a qualidade de vida é cada vez mais importante, o que abre espaço para as mulheres entrarem de forma definitiva. Para Gal, não existe diferença entre um criativo homem ou mulher, a diferença está no profissional, mas, no caso dela, o fato de ser mãe trouxe uma visão de mundo que ela não tinha e, com certeza, isso refletiu na sua profissão.

Mariangela Silvani, diretora de criação da New Energy, também acredita que a quantidade de mulheres na criação vem  aumentado significativamente e este é um ótimo momento para as mulheres se destacarem. Ela afirmou que a nova postura das agências, com horários e prazos mais regulares, permite sim que as mulheres consigam conciliar sua vida pessoal e profissional, mas ela argumentou que mesmo assim é um trabalho difícil, já que o ato de criar não tem hora para acabar e, muitas vezes, são necessárias horas de dedicação.

Para Mariangela, com certeza esse sempre foi o principal motivo dos homens serem em número muito maior na grande parte das agências. A criativa explicou, porém, que essa retomada das mulheres é muito positiva, já que o olhar feminino é muito importante na construção de qualquer campanha, principalmente as que são voltadas para esse público. Ela lembrou que hoje a mulher tem grande poder de decisão em uma compra, por isso, é importante que haja uma atenção especial para esse target.

A diretora de criação da Africa, Joana Monteiro, também afirmou que a sensibilidade feminina e o conhecimento do produto são fundamentais para o sucesso da ação. Segundo ela, os próprios anunciantes têm solicitado mulheres em determinadas campanhas por acreditarem na necessidade de entender o público com o qual desejam falar. A publicitária disse que, de uma forma geral, as mulheres são mais objetivas e perdem menos tempo. Ela lembrou que, atualmente, mais da metade dos lares brasileiros é comandado por mulheres, por isso, anunciantes da área de construção, varejo, automóveis e até cerveja tiveram que mudar seu foco.

Joana ressaltou ainda que hoje as agências têm percebido que não é produtivo exigir do funcionário uma dedicação em tempo integral e que é necessário um espaço para outras atividades, o que tem atraído mais as mulheres. Por outro lado, ela acredita que o mercado ainda é muito machista e, quando tem de haver um corte da empresa, muitas dão preferência às mulheres, por ainda acreditarem que elas não são as provedoras do lar, esquecendo que o perfil da família brasileira mudou significativamente.

Falta de tempoLaura Esteves, diretora de criação da Y&R, voltou a dizer que o afastamento das mulheres da área de criação se deve exclusivamente à falta de tempo para se dedicar à função. Ela revelou que a carga horária da criação assusta e isso dificulta a contratação de profissionais do sexo feminino. “O curso de propaganda tem muitas mulheres, mas elas acabam optando por outras áreas que não exijam tanto no que diz respeito ao horário”, afirmou. Mas, segundo a publicitária, este é o melhor momento para as mulheres ingressarem na área, pois existe uma vontade e necessidade do mercado, por conta do poder aquisitivo e de decisão deste público, que está cada vez maior.

Daniela Ribeiro, diretora de criação da Fischer & Friends, é da mesma opinião. Para ela, as mulheres vêm conquistando um espaço importante na área de criação e isso é reflexo da mudança da sociedade, de uma forma geral. Apesar de ainda favorecer a força de trabalho masculina, a mulher vem ganhando espaço por conta da mudança de perfil do cliente que conta, cada vez mais, com mulheres no comando. A executiva disse que concorda que a área de criação exige uma grande dedicação e uma demanda física dentro da agência que acaba afastando a profissional, já que o amadurecimento na carreira coincide com a idade e é justamente neste ponto que surgem outras vontades, que acabam afastando as mulheres deste caminho.

 Daniela Ribeiro, da Fischer & Friends

Daniela acredita que a diferença que existe entre homens e mulheres na criação é a mesma que pode ser notada em outras profissões. Para ela, as mulheres são mais organizadas e maduras. Mas na capacidade de criar, ela ressalta que não há diferença.

Já Letícia Santos, diretora de arte da WMcCann, acredita em importantes diferenças entre homens e mulheres na criação. Para ela, o criativo tem um olhar diferente na hora de criar para um produto feminino e é fácil perceber quando foi um homem quem criou determinada campanha. Letícia acha que é importante que haja uma mulher neste caso, para que a comunicação fale a mesma língua da consumidora. Ela ressaltou, porém, que um homem pode sim criar para produtos voltados para mulheres, porém a sensibilidade é outra.

Carla Madeira, da Lápis Raro, declarou que, apesar de todas as dificuldades encontradas, as mulheres têm conseguido fazer uma equação positiva e otimizar seu tempo. Ela acredita ser um momento extremamente favorável e a presença feminina começa a ser cada vez mais notada.

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