Enfim, o primeiro e grande desafio
para a sustentabilidade passa a ser objetivamente trabalhado na
sociedade brasileira: promover uma mudança no conceito que temos de LIXO
e a partir daí repensar a economia e as práticas de consumo.
A degradação ambiental e humana dos
lixões deve finalmente ser banida, dando oportunidade para o início de
um círculo virtuoso que liga as pessoas, a natureza e o fruto da
natureza trabalhada pelo homem, os produtos (que por vezes nos
esquecemos, não nascem das gôndolas).
Política Nacional dos Resíduos Sólidos tornou-se lei em 2010, após 20
anos tramitando no Congresso, tempo que foi necessário para decompor a
duras penas as restrições e preconceitos arraigados em nosso sistema
sociocultural, acostumado à abastança e ao desperdício.
O termo genérico LIXO é substituído por RESÍDUO. E os Resíduos
Sólidos de que trata a Lei, englobam todo tipo de material, substância
ou objeto descartado, e que recebem o nome de REJEITO quando já não é
possível ser de alguma forma re-inseridos na cadeia de produção. Rejeito
é tão somente o que não se aproveita. Logo, a revolução em trâmite
implica mais do que mudar o nome, exige que se chegue à máxima
otimização no uso dos produtos, de modo que só mesmo o rejeito seja
descartado e do modo menos agressivo à natureza.
A lei evoca práticas incomuns para as duas ou três últimas gerações
de brasileiros, tão bem adaptados à “era do plástico” (é Fantástico!): a
não-geração, a redução, o reuso, a reciclagem e o tratamento dos
resíduos. Há ainda mais novidades nessa Política definida em lei, cuja
compreensão ainda é insuficiente, como por exemplo, o princípio da
Ecoeficiência e a Responsabilidade Compartilhada pela vida dos produtos.
Há muito o que discutir e ainda mais a fazer. É um começo atrasado em
relação aos problemas ambientais e sociais que se avolumam, mas é um
caminho que aponta diretrizes e contempla os pilares da
sustentabilidade: o meio ambiente, o social e o econômico.
Toda a sociedade é chamada a participar dessa mudança, que requer:
dos produtores, repensar o ciclo de vida dos produtos e reintroduzir
nele os materiais reaproveitáveis após o uso por meio da reciclagem, ou
substituir a matéria-prima por biodegradáveis, talvez; dos
transportadores, uma logística para devolver embalagens e materiais
utilizados às fábricas; dos vendedores, uma nova política de compra e
venda que permita aos consumidores integrar-se à logística reversa; do
mercado, a valoração de bens usados e dos serviços relacionados a um
novo elo na cadeia de produção, a reciclagem; dos consumidores, a
escolha de produtos que gerem menos resíduo, e a atitude diária de
preparar os materiais usados para a reciclagem.
Outro fator muito importante se agrega a essa mudança: é o
reconhecimento por cada pessoa envolvida, do valor da matéria-prima
natural e do trabalho humano despendidos na produção de cada objeto que
usamos, no sabor de cada alimento consumido e na construção coletiva da
sociedade humana.
A mudança se opera na matéria e nas mentes. Ela nos convoca.
FONTE: AcontecendoAqui
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