Vamos novamente votar. A próxima eleição é dita “menor”, afinal vamos
escolher somente prefeitos e vereadores para a gestão de unidades de
poder menores e esvaziadas, os municípios. No entanto, a eleição serve
para refletir um pouco sobre a política. Vamos começar com um tema mais
singelo: houve recentemente alguma mudança no perfil político do
eleitor? O eleitor está mais maduro, mais pragmático ou o não se pode,
ainda, dizer que estamos diante de um “voto pós-renda”, definido como
aquele que busca mais apenas resultados ao invés de visão política e
ideologia?
As dezenas de pesquisas de opinião sobre as próximas eleições
municipais realizadas em cidades médias e grandes do nosso Estado
apontam alguns indícios fortes de que começa a surgir, de fato, um novo
eleitor, mais pragmático e muito mais realista em relação ao que espera
do prefeito e da política. Talvez seja esboço do tal “voto pós-renda”
do qual falam os cientistas políticos.
Alguns mitos estão vindo por terra e, aparentemente, outros estão aparecendo.
O eleitor quer que o prefeito governe para toda a cidade. Não divide
mais o ambiente urbano em centro e bairro ou rico e pobre, como fazia
até o passado recente. Percebeu que essas dicotomias são falsas. Quer,
agora, que o prefeito olhe para todas as áreas e para todos os cidadãos.
Compreende que áreas como saúde devem merecer maior atenção, mas nem
por isso acredita que a limpeza das ruas ou um trânsito ordenado não
sejam importantes. Aprova políticas sociais que atendam às suas
necessidades básicas, mas quer viver numa cidade bonita, limpa e
funcional.
O eleitor quer soluções concretas e objetivas. Sabe que é muito mais
eficaz fazer as mudanças de forma incremental, gradativamente,
melhorando o que já vem sendo feito. Realista, tem consciência de que as
grandes transformações cabem apenas nas cartilhas ideológicas; constata
que, na vida real, mudar significa fazer um pouquinho mais e melhor.
Essa percepção reduz drasticamente o espaço para a demagogia e as
promessas fáceis. E impõe a necessidade dos candidatos descreverem
claramente suas propostas. Não vale mais o lugar-comum.
O eleitor quer um administrador, não um político. As pesquisas mostram
que os partidos políticos têm pequena ou nenhuma importância na escolha
do candidato em quem votar. Mais do que uma suposta despolitização, a
constatação tem duas explicações possíveis: o eleitor percebeu que
existem bons e maus administradores em todos os partidos; quando fazem
coligações sem nenhum critério político, ideológico ou administrativo,
os partidos deixam o eleitor sem orientação. Ele, então, faz o serviço
por conta própria, deixando os partidos de lado e escolhendo com base
nas qualidades que observa nos candidatos.
Aparentemente, são mudanças que mostram um eleitor cada vez menos
sonhador e cada vez mais realista com a política. Uma das razões dessa
mudança é que as melhorias gradativas na economia, notadamente no
emprego e na renda, estão lhe ajudando a entender que a ideologia pouco
lhe serve. Se na sua vida as realizações estão tomando o lugar das
promessas, por que na política tudo deveria continuar como antes? Mais
atento ao mundo real, o novo eleitor quer resultados.
E a ideologia, como fica?
FONTE: AdOnline
Nenhum comentário:
Postar um comentário