sexta-feira, 31 de agosto de 2012

O eleitor e a política I

Vamos novamente votar.  A próxima eleição é dita “menor”, afinal vamos escolher somente prefeitos e vereadores para a gestão de unidades de poder menores e esvaziadas, os municípios. No entanto, a eleição serve para refletir um pouco sobre a política. Vamos começar com um tema mais singelo: houve recentemente alguma mudança no perfil político do eleitor? O eleitor está mais maduro, mais pragmático ou o não se pode, ainda, dizer que estamos diante de um “voto pós-renda”, definido como aquele que busca mais apenas resultados ao invés de visão política e ideologia?
As dezenas de pesquisas de opinião sobre as próximas eleições municipais realizadas em cidades médias e grandes do nosso Estado apontam alguns  indícios fortes de que começa a surgir, de fato, um novo eleitor, mais pragmático e muito mais realista em relação ao que espera do prefeito e da política.  Talvez seja esboço do tal “voto pós-renda” do qual falam os cientistas políticos.
Alguns mitos estão vindo por terra e, aparentemente, outros estão aparecendo.  
O eleitor quer que o prefeito governe para toda a cidade. Não divide mais o ambiente urbano em centro e bairro ou rico e pobre, como fazia até o passado recente. Percebeu que essas dicotomias são falsas. Quer, agora, que o prefeito olhe para todas as áreas e para todos os cidadãos. Compreende que áreas como saúde devem merecer maior atenção, mas nem por isso acredita que a limpeza das ruas ou um trânsito ordenado não sejam importantes. Aprova políticas sociais que atendam às suas necessidades básicas, mas quer viver numa cidade bonita, limpa e funcional.   
O eleitor quer soluções concretas e objetivas. Sabe que é muito mais eficaz fazer as mudanças de forma incremental, gradativamente, melhorando o que já vem sendo feito. Realista, tem consciência de que as grandes transformações cabem apenas nas cartilhas ideológicas; constata que, na vida real, mudar significa fazer um pouquinho mais e melhor. Essa percepção reduz drasticamente o espaço para a demagogia e as promessas fáceis. E impõe a necessidade dos candidatos descreverem claramente suas propostas. Não vale mais o lugar-comum.
O eleitor quer um administrador, não um político. As pesquisas mostram que os partidos políticos têm pequena ou nenhuma importância na escolha do candidato em quem votar. Mais do que uma suposta despolitização, a constatação tem duas explicações possíveis: o eleitor percebeu que existem bons e maus administradores em todos os partidos; quando fazem coligações sem nenhum critério político, ideológico ou administrativo, os partidos deixam o eleitor sem orientação. Ele, então, faz o serviço por conta própria, deixando os partidos de lado e escolhendo com base nas qualidades que observa nos candidatos.  
Aparentemente, são mudanças que mostram um eleitor cada vez menos sonhador e cada vez mais realista com a política. Uma das razões dessa mudança é que as melhorias gradativas na economia, notadamente no emprego e na renda, estão lhe ajudando a entender que a ideologia pouco lhe serve. Se na sua vida as realizações estão tomando o lugar das promessas, por que na política tudo deveria continuar como antes? Mais atento ao mundo real, o novo eleitor quer resultados. 
E a ideologia, como fica? 

FONTE: AdOnline

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