A gente se lembra do carro que fomos para escola na primeira vez. O
primeiro filme no cinema. O tênis que calçamos no dia do primeiro beijo.
A primeira viagem para o exterior e todas as coisas legais que
compramos. A loja em que conseguimos achar o presente do primeiro
namorado(a) sério. Quando começamos a usar óculos escuros. A gente via
tudo isso nos filmes, nos corpos de gente famosa, na TV e na rua. Nossa
atitude e nossa história foi moldada junto com essas lembranças.
As marcas e instituições fazem parte da nossa vida. Mas elas estavam
lá, do outro lado, eram uma ideia na cabeça da gente, uma vontade de
ser. Nunca fomos realmente próximos, nunca pudemos perguntar várias
coisas. Logo, a gente que, sempre nos identificamos tanto, ou não nos
identificamos em nada, queríamos apenas que as marcas mudassem e se
parecem mais com nós mesmos.
O século passou, o mundo mudou. Governos caem. Jovens vão para as
ruas. O planeta pede socorro. A tecnologia permite-nos gritar juntos. E
juntos somos mais e queremos nossas marcas lá, concordando ou
discutindo, vivendo no mesmo mundo que a gente vive. Apoiando nossos
ideais, nossas vidas.
Não importa mais os "canais" que escolhemos para disseminar nossas
ideias. Eles são muitos e estão disponíveis no bolso de cada indivíduo,
aguardando uma boa causa para defenderem ou uma causa para detonarem. A
convergência de dispositivos digitais misturou-se com os aparelhos que
temos em nossas casas e agora a informação chega de qualquer jeito,
mesmo que um governo tente bloquear a Internet para impedir que o mundo
tome conhecimento de atrocidades. Estamos conectados, trocando
informações e formando novas opiniões em um caldo global de pensamento.
Como diria a conhecida frase de Victor Hugo: "Não há nada tão poderoso como uma Ideia, cujo tempo chegou".
E atualmente, essas ideias são mais fortes ainda, pois ganham a
proporção de uma multidão, unida através destes canais, buscando tornar
realidade seus desejos.
Somos todos indivíduos, tentando tornar esse mundo um lugar mais
legal para se viver. Com mais felicidade, mais prosperidade, mais
autoestima. Não queremos mais as marcas como ideias. Queremos marcas de
mãos dadas. Que participam, que respondem, que criticam, que
compartilham, que sabem contar histórias sobre si mesmas e sobre sua
visão de mundo. Como sempre fizemos. Isso mesmo, marcas que possam
sentar à mesa e ter o que dizer, defender pontos de vista.
Queremos nossas marcas assim. Onde as coisas acontecem. Onde o mundo gira
Marcas que conversam. Talking Brands!
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Bruno Rufino é diretor de planejamento da Digital Group e membro do Comitê Regional Brasília do IAB Brasil. b.rufino@digitalgroup.com.br
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