segunda-feira, 2 de abril de 2012

Eco guaribadas

Ouvi essa expressão do Presidente do Forum Permanente da Indústria da Comunicação, o publicitário Dalton Pastore. Ele a tem usado para se referir ao jogo de cena que muitas empresas têm feito para dar a ideia ao consumidor de que são empresas sustentáveis, quando na verdade estão longe disso.
Aí a empresa, que explora os empregados, pagando baixos salários e os expondo à pressões desumanas, que esgoela os fornecedores, destruindo suas margens de lucro, que não é transparente na relação com seus parceiros, faz uns anúncios “verdes”, manda imprimir seus cartões de visita em papel reciclado, e mais alguns truques ilusionistas e está tudo bem. Passa a se autodenominar uma empresa sustentável. Bullshit, tudo não passa de uma eco guaribada, muitas vezes, de sua agência de propaganda.
Já há algum tempo que sempre que eu ouço, ou leio, a palavra “sustentável” e suas variantes, eu coloco os meus quatro pés atrás. Posso ser burro, mas não sou bobo. Durante quase cinco anos, editei a revista Brasil Responsável, a primeira publicação de circulação nacional a tratar, especificamente, de responsabilidade social, tanto pública quanto corporativa, e vi muito desse tipo de coisa. Empresas lobas tentando se esconder em pele de cordeiro. Empresas que a gente via que sua relação com o consumidor não era baseada no respeito, que a forma como tratavam os funcionários (em geral, chamados de “colaboradores”) era desumana e que mesmo assim – e, talvez, por causa disso mesmo – gostavam de autodeclarar “ecologicamente corretas e socialmente responsáveis”.
Existem empresas, de todos os tamanhos, que não separam seu lixo, que impõe metas inalcançáveis à sua equipe de vendas, que usam dos tais “bancos de hora” para explorar seus empregados, que tratam seus fornecedores como capachos e depois “expiam suas culpas” dando uns trocados para uma instituição de crianças carentes.
O V Congresso de Propaganda, marcado para o final de maio, vai discutir, entre muitos outros temas, sobre “Sustentabilidade e Comunicação”. Muito legal, acho que vai ser uma excelente para se varrer do ambiente da publicidade as tais “eco guaribadas” e passar a se agir, de fato, de forma responsável!

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