Ouvi essa expressão do Presidente do Forum Permanente da Indústria da
Comunicação, o publicitário Dalton Pastore. Ele a tem usado para se
referir ao jogo de cena que muitas empresas têm feito para dar a ideia
ao consumidor de que são empresas sustentáveis, quando na verdade estão
longe disso.
Aí a empresa, que explora os empregados, pagando baixos salários e os
expondo à pressões desumanas, que esgoela os fornecedores, destruindo
suas margens de lucro, que não é transparente na relação com seus
parceiros, faz uns anúncios “verdes”, manda imprimir seus cartões de
visita em papel reciclado, e mais alguns truques ilusionistas e está
tudo bem. Passa a se autodenominar uma empresa sustentável. Bullshit,
tudo não passa de uma eco guaribada, muitas vezes, de sua agência de
propaganda.
Já há algum tempo que sempre que eu ouço, ou leio, a palavra
“sustentável” e suas variantes, eu coloco os meus quatro pés atrás.
Posso ser burro, mas não sou bobo. Durante quase cinco anos, editei a
revista Brasil Responsável, a primeira publicação de circulação nacional
a tratar, especificamente, de responsabilidade social, tanto pública
quanto corporativa, e vi muito desse tipo de coisa. Empresas lobas
tentando se esconder em pele de cordeiro. Empresas que a gente via que
sua relação com o consumidor não era baseada no respeito, que a forma
como tratavam os funcionários (em geral, chamados de “colaboradores”)
era desumana e que mesmo assim – e, talvez, por causa disso mesmo –
gostavam de autodeclarar “ecologicamente corretas e socialmente
responsáveis”.
Existem empresas, de todos os tamanhos, que não separam seu lixo, que
impõe metas inalcançáveis à sua equipe de vendas, que usam dos tais
“bancos de hora” para explorar seus empregados, que tratam seus
fornecedores como capachos e depois “expiam suas culpas” dando uns
trocados para uma instituição de crianças carentes.
O V Congresso de Propaganda, marcado para o final de maio, vai
discutir, entre muitos outros temas, sobre “Sustentabilidade e
Comunicação”. Muito legal, acho que vai ser uma excelente para se varrer
do ambiente da publicidade as tais “eco guaribadas” e passar a se agir,
de fato, de forma responsável!
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