terça-feira, 24 de julho de 2012

Arte ou vandalismo?

Li no jornal, fiquei curiosa e hoje fui pessoalmente conferir.
O babado é a seguinte: em Berlin há pedaços do muro em vários pontos da cidade, deixados de propósito, para que as pessoas se lembrem por onde ele passava. Pois um desses lugares é a Potsdamer Platz, um lugar que ficou por muitos anos abandonado; era um grande descampado com um muro passando no meio.
Com a reunificação, a área nobre da cidade serviu de cenário para o nascimento de um complexo de escritórios e entretenimento, todo feito de cimento e vidro; uma beleza completamente diferente de todo o resto da cidade. É lá que está o Sony Center, onde rola o Berlinale: Festival Internacional de Cinema de Berlin (qualquer dia vou fazer um vídeo contando e mostrando tudo).
Pois é, então os turistas ficam fazendo caras e bocas (para postar no Facebook depois..eheheh) com esse cenário histórico de fundo. Entre as fatias do muro tem paineis contando a história do lugar, com fotos de antes e depois — vale a pena dar uma olhada.
Vai daí que algum turista engraçadinho resolveu colar um chiclete mascado no muro. Outro viu, gostou e copiou. E assim é o ser humano: o troço virou moda e não duvido que alguém vá até a esquina comprar chiclete só para mascar e colar lá.
Olha, não vou dizer que o efeito ficou ruim; está uma instalação muito interessante e colorida, como vocês podem ver nas fotos que seguem. Mas a questão é que está interferindo num monumento histórico.
O que está em debate é: isso é vandalismo ou apenas a cidade interagindo com as pessoas? Se a gente considerar que parte do charme de Berlin é justamente porque a cidade é, pelos padrões formais, quase toda vandalizada (com grafites, lambe-lambes, cartazes, invasões de edifícios antigos, pixações em todo lugar), como tratar esse fenômeno?
Os chicletes devem ser retirados ou deixados lá, como parte da história de quem passou pelo pedaço? Em qualquer lugar do mundo a resposta seria mais fácil, mas Berlin é a cidade da arte de rua, dos cenários alternativos, da transgressão e da criatividade. Até porque o pedaço que sobrou está todo pixado (então ele já tinha sido vandalizado antes, enquanto valia como fronteira; vale como jurisprudência?).
Eu deixaria assim para ver o que acontece (afinal, o muro continua lá, todinho original, debaixo dos chicletes).
E você?
 

FONTE: Acontecendo Aqui

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