sexta-feira, 17 de maio de 2013

De novo as cotas

Por: Tadeu Viapiana

Outro dia escrevi aqui que o problema das cotas é que elas não tocam no problema crucial da educação brasileira: a qualidade ruim do ensino básico e fundamental na escola pública. É simples, se o ensino básico e  fundamental fosse de boa qualidade, não precisava de cotas. Todos os alunos, sejam eles da escola pública ou privada, teriam a mesma condição de competir.
Agora surge mais uma boa evidência para reforçar meu argumento. Uma pesquisa feita por dois professores da Universidade Federal Fluminense mostrou que os alunos cotistas têm notas inferiores aos alunos não cotistas. Pior, a diferença não é apenas nos primeiros semestres, ela ocorre ao longo de todo o curso.  A amostra da pesquisa é grande: foram analisadas as notas de 167 mil alunos, de treze cursos diferentes nas áreas de ciências humanas, engenharia, filosofia, história e matemática.
Conforme a Folha de São Paulo (28/04), as diferenças de notas entre os cotistas e não cotistas mostrou-se mais elevada nos cursos de Física (73%), Ciência da Computação (43%)  e Filosofia (26%), e menor nos cursos de Administração (4,2%) e Matemática (0,15%).
A pesquisa reafirma uma conclusão já conhecida dos especialistas em educação: a qualidade do ensino básico e fundamental é preditiva do desempenho futuro do estudante. É nesses dois níveis que se formam as competências básicas dos estudantes. O que deixamos de aprender ali, ou aprendemos mal, nos acompanham para o resto da vida.
Já se disse que um dos maiores erros cometidos pelo Brasil nos anos 1980 e 1990 foi não ter compreendido a necessidade do investimento correto em educação básica e fundamental, como fizeram muitos países asiáticos. Hoje, eles estão na nossa frente em competitividade econômica e produzindo bens com alto valor agregado em tecnologia.
Ao invés de aprender com eles, optamos pelo caminho mais fácil da improvisação.  Optamos pelas cotas, o caminho mais fácil e, vemos agora, o menos adequado.

FONTE: AdOnline

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