Por Mauro Donato
Os anúncios no Facebook devem ser comemorados ou repelidos?
São 71 milhões os usuários ativos do Facebook só no Brasil. Passa de 1
bilhão em todo mundo. Era natural que a publicidade se infiltrasse.
Essa propaganda pode ser saudável, inovadora e útil?
Os usuários do Facebook passaram a conviver com a existência da
“publicação sugerida” em seu feed de notícias. A tal publicação é um
anúncio pago e quase sem evolução com relação aos banners do tipo
classificados que persistem no canto da página. A vantagem de ambos os
formatos, entretanto, está na adequação da tal “sugestão” ao perfil do
usuário. São seus costumes, seus gostos, seu time preferido, sua
profissão, seu gênero que contribuíram para que a publicidade chegue sob
medida para ele. É mais eficiente e certeiro do que em mídias
tradicionais. Mas ainda é pouco.
A relação usuário/anunciante pode ser muito melhor que isso e
empresas mais conectadas às redes saem-se muito bem em termos de
posicionamento, relacionamento, fortalecimento da marca — os fundamentos
do marketing.
Exemplo de sucesso é a Nike. Com sua série de ações interativas que
integram aplicativos e fãs de suas páginas sociais, a companhia se
destaca em engajamento e envolvimento com a marca estimulando o usuário a
competir e desafiar amigos, equipes ou a si mesmo. Seus resultados são
compartilhados com os amigos instantaneamente, formando uma grande rede
esportiva. Isso não é saudável? E, de quebra, ela vende seu peixe.
Se parecem ser ambientes naturalmente amistosos e receptivos para
empresas de artigos esportivos como a Nike, as redes sociais são página
em branco para qualquer segmento. Basta criatividade.
A construtora Gafisa lançou uma campanha há mais de um ano em que
usuários do Facebook (fãs da página da construtora e portanto potenciais
clientes) faziam sugestões de confortos e inovações que gostariam de
ver num lançamento imobiliário da empresa. Obteve mais de um milhão de
views e o “edifício colaborativo” está em fase de aprovação na
prefeitura com várias das propostas incorporadas ao projeto. Até o nome
do edifício foi escolhido na rede.
A publicidade tal qual a conhecíamos até hoje, invasiva, chata,
pedante, que exige um comportamento passivo do espectador, está
condenada ao desaparecimento. E já vai tarde.
Minha opinião é a de que até mesmo anúncios baseados nas informações
do usuário como as atuais “publicações sugeridas” tenham vida curta caso
não ofereçam nada além. Se não houver um relacionamento de fato (é uma
rede de relacionamentos, certo?) o espírito unicamente mercantil da
publicação/veiculação tenderá a ser desprezado na maioria das vezes.
Quer vender para mim? Dê-me algo em troca.
Para isso, mais até do que a publicidade, a presença institucional
das empresas/anunciantes nas redes sociais através de suas páginas
próprias é de fundamental importância. E benéfica para todos.
As redes sociais e a internet obrigaram as empresas a reinventar a
forma de comunicar-se com os clientes. Agora é aguardar os próximos
capítulos torcendo por mais inovações e que todos façam sua parte. Já se
fala que a partir de junho ou julho anúncios em vídeo serão inseridos
no feed. Não é preciso ser catedrático em marketing para deduzir que, na
hipótese de que os filminhos comecem a ser reproduzidos automaticamente
no instante em que aparecerem no feed e sem chance de interrupção,
haverá uma reação altamente negativa e com toda razão.
Particularmente, não vejo nenhum problema em ter uma “publicação
sugerida” em meu feed de notícias. Seja filme, foto, texto ou música. Se
pertinente aos meus interesses, coerente com meu perfil e compreensiva
com minha opção de não acatá-la, acho até bem melhor do que dar
audiência a posts desnecessários do tipo “Bom dia!!!!!!!” ou foto de
gente fazendo biquinho.
FONTE: AcontecendoAqui
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