quarta-feira, 2 de maio de 2012

Como o comércio externo afeta o desenvolvimento?

Todos os países gostariam de exportar mais do que importam. Teriam, assim, saldo na balança de comércio exterior, uma espécie de poupança do país para aumentar os investimentos na economia e/ou enfrentar períodos de crise ou turbulência.
Como as economias nacionais são diferentes uma das outras, o comércio é uma forma de torná-las complementares.
Países ricos em recursos naturais exportam matérias primas e importam produtos industrializados; países industrializados importam matérias primas e exportam produtos, insumos e máquinas.
Existem países, como o Brasil, que se encontram numa posição intermediária: já contam com um parque industrial importante mas ainda ancoram boa parte de seu comércio com o mundo na exportação de commodities agrícolas ou minerais.
As importações trazem importantes benefícios para a economia: a) os consumidores têm acesso a bens fabricados em outros países; b) podem comprar bens com preços eventualmente mais baratos do que aqueles produzidos localmente e c) através da importação de máquinas e insumos modernos, a indústria nacional moderniza o seu parque produtivo e eventualmente reduz seus custos de produção.
Para os países em desenvolvimento, as importações muitas vezes representam o único canal disponível para a incorporação de progresso tecnológico e consequentemente, para aumentar a sua produtividade, fator decisivo no cenário da competição global.
No Brasil, em  2011, 21% de todos os insumos usados na indústria vinham de fora do país. Em alguns setores de ponta como os de informática, eletrônicos, ópticos, fármacos e químicos a dependência de insumos do exterior ultrapassa 40%.  Ou seja, o produto é fabricado aqui, mas com quase a metade da matéria prima vinda de fora.
Isso se deve em grande parte, à apreciação do real ante o dólar. Fica mais barato importar do que comprar do fornecedor nacional.
No curto prazo, a opção é positiva uma vez que tende a reduzir os custos de produção; mas é também negativa, pois ajuda a reduzir a produção de insumos e o nível de emprego nos fornecedores nacionais.  
O economista Carlos Lessa, um dos maiores especialistas em indústria brasileira, resumiu bem o dilema em que nos encontramos:
“Dada a política nacional de estímulo às importações e de passividade ante a valorização do real, as empresas têm em mãos um instrumento para cortar margens de lucro de seus fornecedores internos, mediante importações de componentes e de matérias primas. Ao fazê-lo, torna-se um agente de atrofia das cadeias produtivas internas da economia brasileira e destruidor de empregos qualificados. A empresa industrial, nesse caso, torna-se adversária da industrialização e adepta da doutrina de livre câmbio e da especialização em exportações primárias”.
Ou seja, perseguindo seus interesses de curto prazo, ao importar insumos de outros países, as empresas nacionais acabam por ajudar a destruir elos importantes da cadeia produtiva nacional. Fazem isso, não porque querem, mas porque precisam reduzir custos, aumentar a produtividade e serem competitivas ante a indústria mundial. Induzidas, em larga medida, pelo câmbio valorizado.
São desequilíbrios estruturais como esse, que nascem de uma conjuntura de curto prazo, que por seus efeitos de largo alcance podem comprometer o futuro da indústria nacional. 

FONTE: AdOnline

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