sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Volta ao feudalismo

Por: Tadeu Viapiana
A reação das entidades médicas à proposta do governo de obrigar os médicos a trabalhar pelo menos dois anos no Sistema Único de Saúde,  não sei se propositadamente, está ignorando uma questão fundamental.Trata-se do fato de que tal imposição agride frontalmente a liberdade dos indivíduos de escolher onde, quando e sob quais condições desejam trabalhar. Esse é um direito constitucional, que governo nenhum, sob qualquer pretexto, pode desrespeitar.Na sociedade de livre mercado, os trabalhadores não podem ser obrigados por ninguém a trabalhar nesta ou naquela empresa, neste ou naquele lugar. Eles é que escolhem onde e a quem desejam oferecer a sua força de trabalho.Isso vale também para as demais atividades econômicas. Todos têm o direito de escolher se desejam abrir uma padaria ou uma farmácia, uma fábrica ou um restaurante. Cumpridas as exigências de segurança e saúde, todos podem empreender. O governo não pode dizer o que você deve fazer, em qual ramo deve trabalhar ou qual o negócio que você deve abrir. Só nos regimes totalitários isso ocorre.O exercício da liberdade profissional é uma das grandes conquistas do capitalismo. É ela que viabiliza a oportunidade da ascensão social, tornando o regime de mercado um arranjo que permite ao indivíduo alterar a sua condição social original.No feudalismo e nas antigas sociedades agrárias o sujeito nascia servo e morria servo, nascia escravo e morria escravo. E seus filhos, em geral, tinham a mesma sorte que a sua, já que os direitos eram assegurados pela condição de “sangue”. Se você tivesse o azar de não nascer “nobre”, sua sorte estava selada.Na economia de mercado é diferente. Muitos historiadores dizem que esta condição – a livre mobilidade da força de trabalho -, ao lado de instituições que assegurem a proteção da propriedade e respeito aos direitos individuais, foi responsável pelo enorme crescimento e progresso econômico e social dos últimos séculos.De fato, nos países em que tais instituições se desenvolveram, especialmente na Europa e na América do Norte, a economia cresceu e a sociedade prosperou, tornou-se mais rica e mais igual. Nas demais regiões do planeta, onde tais instituições não floresceram, como na África e na América Latina e, de certo modo, na Ásia, estabeleceu-se uma economia mais atrasada, dominada por oligarquias extrativistas, corrupção e excessivo intervencionismo governamental. O resultado foi uma sociedade permanentemente desigual.A proposta do governo faz parte dessa última visão: desrespeita a liberdade dos indivíduos e reforça o intervencionismo do estado.É a volta ao feudalismo. O médico será, agora, por dois anos, servo do Estado, o seu novo senhor.Finalmente duas observações.1-Se quiserem bons médicos nos municípios pequenos, basta que lhes paguem o salário adequado.2-A culpa do caos na saúde, é claro, não é dos médicos, mas do governo que gasta pouco e mal.


FONTE: AdOnline

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