Por: Tadeu Viapiana
Outro dia saiu uma notícia nos jornais informando que o governo federal
pretende fazer da cidade de São Paulo o campo de teste dos novos
programas sociais da União. Foi anunciado também que o governo federal
repassaria R$ 1 bilhão de reais para a cidade. Um dinheirão.
Se a intenção se tornar realidade, estaremos diante de uma discriminação política inaceitável.
Não é preciso dizer que o governo federal é de todos os brasileiros, de
todos os estados e de todas as cidades. Por que então escolher uma
cidade especifica para ser a “queridinha”?
O fato do prefeito Haddad ser do PT não autoriza o tratamento
diferenciado. Muitas cidades brasileiras enfrentam os mesmos problemas
de São Paulo; algumas, até piores, como é o caso de várias cidades do
nordeste.
Aqui no Rio Grande do Sul, por exemplo, temos também imensas carências
em várias áreas. Em rodovias, aeroportos, na saúde, na educação (não
conseguimos sequer pagar o piso salarial dos professores) e nossos
presídios são verdadeiras masmorras. O governador, nem de longe, tem a
atenção que o Haddad está recebendo do poder central. Aliás, nem a
atenção nem o dinheiro.
Será que para o governo federal os paulistanos valem mais do que os gaúchos, os mineiros, os baianos, os pernambucanos?
Se quiser alçar voos mais altos, Haddad precisa mostrar competência
técnica e política. Não pode se escorar no “compadrismo” e no privilégio
político.
Aliás, o governo federal deve outra explicação aos municípios. Em 2012,
as prefeituras municipais de todo o país deixaram de receber R$ 425
milhões de reais do Fundo de Participação dos Municípios (FPM).
A tunga resultou da isenção do IPI para a compra de carros e outros
bens que reduziram a receita do imposto em R$ 1,7 bilhão. Desse total,
25% deveria ir para o FPM e repassado aos municípios.
Ao conceder as isenções, o governo federal reduz o dinheiro dos
municípios e, o mais grave, tira dinheiro da saúde. Ocorre que 25% do
que cada município recebe deve ser aplicado neste setor. Se recebe
menos, o prefeito aplica menos.
Ou seja, o governo federal prefere vender carros do que melhorar a saúde dos brasileiros.
Quando a gente lê essas coisas, é inevitável pensar que o Brasil não tem jeito mesmo.
FONTE: Multifoco
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