terça-feira, 19 de março de 2013

Trabalho, produtividade e home office

Por: Regina Augusto

Decisão da presidente do Yahoo de acabar com o home office trouxe à tona a questão de como lidar com o trabalho em um mundo cada vez mais conectado e 24/7

A primeira vez que ouvi falar de home office foi nos anos 1990 quando uma colega do curso de pós-graduação, funcionária da Du Pont, começava a trabalhar daquela forma. Alguns anos depois, por ocasião da inauguração da operação da Dell Computer no Brasil, em 1999, a companhia também implantou esse sistema de trabalho por aqui para todos os seus colaboradores que não fossem ligados diretamente à fábrica. Com a ascensão das empresas do Vale do Silício nos anos 2000, o modelo começou a ganhar força e virou sinônimo de maior produtividade e de satisfação pessoal.

Na semana passada, a decisão da presidente do Yahoo, Marissa Meyer, de acabar com o trabalho em casa de seus empregados trouxe à tona essa questão. “A celeridade e a qualidade muitas vezes são sacrificadas quando trabalhamos em casa”, dizia o comunicado distribuído internamente.


O comentário geral do mercado e de analistas em relação à decisão do Yahoo é de que por trás dela está a necessidade de cortar custos. Dizendo aos trabalhadores que apareçam ou deixem a empresa, Marissa Meyer — mãe de um bebê de quatro meses, fato que supostamente a faria ser defensora do trabalho em casa — vai acabar conseguindo enxugar a estrutura da empresa que comanda e que passa por sérias dificuldades. Mesmo assim, provocou reação por parte de empresas como Google, ex-empregador de Marissa, e do Facebook que se apressaram em reiterar que se mantêm firmes em sua política de permitir que os seus funcionários trabalhem em casa.


A questão que se coloca é mais ampla e não especificamente apenas sobre o ¬home office, mas sim como lidar com o trabalho em um mundo cada vez mais conectado e 24/7. Se não trabalhamos em casa ao longo dos dias úteis, com certeza o fazemos nos feriados e nos finais de semana ao responder e enviar e-mails e terminar tarefas que não conseguimos dar conta no horário comercial. No mercado publicitário brasileiro, é comum ouvir histórias de agências nas quais virar a noite é parte do pacote e da cultura de muitas delas. Uma grande agência fez, recentemente, uma campanha para apagar as luzes de sua sede às 20h de forma a forçar que todos os funcionários fossem para casa e deixassem de trabalhar a partir desse horário.


O que está em jogo não parece ser o local de trabalho, mas sim como administramos o tempo. Se as empresas obrigam seus funcionários a participar de reuniões improdutivas e longas de forma constante, devem dar a eles, em contrapartida, a opção de quando quiserem e puderem também trabalhar um ou mais dia por semana em casa. A palavra aí é bom senso e flexibilidade.


Encontrar-se cara a cara com outras pessoas e trocar experiências ainda é algo fundamental para boa parte das atividades profissionais e, por conta disso, trabalhar em escritórios ou em ambientes corporativos sempre será importante. Mas a tecnologia permite sim o home office, se não total, pelo menos parcialmente. O ponto central aí é a liberdade de escolha. Quando se dá esse poder aos funcionários, a relação sofre uma transformação. Ela fica muito mais madura e o resultado tende a ser proporcionalmente mais produtivo para todo mundo. 


FONTE: Meio e Mensagem

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