quinta-feira, 3 de março de 2011

Economia brasileira cresce 7,5% em 2010, maior avanço em 24 anos

Segundo o IBGE, o PIB brasileiro subiu 0,7% do 3º para o 4º trimestre e 5% perante o último trimestre de 2009
 O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil fechou 2010 com alta de 7,5% contra 2009, o maior crescimento desde 1986, quando o índice também cresceu 7,5%, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2009, ano em que a economia brasileira sofreu os efeitos negativos da crise global, o PIB do Brasil mostrou queda de 0,6% contra 2008.


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Ainda segundo o instituto, o PIB de 2010 em valores correntes somou R$ 3,675 trilhões. O coordenador de Contas Nacionais do IBGE, Roberto Olinto, explica que o crescimento de 10,3% na demanda interna foi o principal responsável pelo crescimento do PIB no ano passado.

A variação do PIB no ano passado contra ano anterior ficou dentro das estimativas do AE-Projeções (entre 7,3% e 7,7%).

A economia brasileira registrou aumento de 0,7% no quarto trimestre do ano passado contra o terceiro trimestre de 2010. Na comparação com o quarto trimestre de 2009, o PIB apresentou alta de 5% no quarto trimestre de 2010. Os resultados também vieram dentro do intervalo das expectativas.

Investimento

A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) subiu 0,7% no quarto trimestre de 2010 ante o terceiro trimestre do ano passado. Na comparação com o quarto trimestre de 2009, a FBCF subiu 12,3% no quarto trimestre do ano passado. Com o resultado anunciado hoje, a FBCF acumulou expansão de 21,8% em 2010 ante 2009.

Segundo o instituto, a taxa de investimento (FBCF/PIB) no quarto trimestre de 2010 foi de 18%. No terceiro trimestre do ano passado, a taxa de investimento tinha sido de 19,4%.

Em 2010, a taxa de investimento foi de 18,4%, a segunda maior da década, segundo informou hoje o IBGE.

Durante a divulgação das contas nacionais, o instituto divulgou uma lista das taxas anuais de investimento de 2000 a 2010. No período, a taxa de investimento do ano passado só não foi maior do que a de 2008, quando atingiu 19,1%. Em 2009, a taxa de investimento foi de 16,9%.

A variação recorde da 21,8% na FBCF em 2010 refletiu forte interesse dos produtores de elevar sua capacidade produtiva, direcionando seus gastos na compra de máquinas e equipamentos, nas palavras do coordenador de Contas Nacionais do IBGE, Roberto Luis Olinto Ramos. Ele comentou que, dentro da FBCF de 2010, 55,2% foram originados de máquinas e equipamentos.

"O que podemos perceber aí é um gasto relacionado a investimentos, e também relacionado a gastos habitacionais. Mas pelo que podemos observar, é possível dizer que os produtores estão aumentando sua capacidade produtiva, ou aproveitando para renovar estoques de bens de capital", afirmou ele, comentando que, pelo menos em 2010, é possível perceber este interesse por parte dos produtores.

Ele admitiu que o Programa de Sustentação de Investimento (PSI) do BNDES, que oferece financiamento para compra de máquinas e equipamentos e que deve terminar em março deste ano, pode ter ajudado a compor este bom cenário na FBCF em 2010, além de programas de financiamento voltados para a construção civil. Mas preferiu não tecer comentários sobre a sustentabilidade deste movimento em 2011, lembrando que o IBGE não faz previsões.

Consumo das famílias em alta

O consumo das famílias, segundo o IBGE, registrou alta de 2,5% no quarto trimestre de 2010 ante o terceiro trimestre do mesmo ano. Já na comparação com o quarto trimestre de 2009, o consumo das famílias aumentou 7,5% nos últimos três meses do ano passado, fechando 2010 com expansão de 7%.

De acordo com o IBGE, o consumo do governo teve queda 0,3% no quarto trimestre de 2010 ante o terceiro trimestre do ano passado e cresceu 1,2% ante o quarto trimestre de 2009. No acumulado de todo o ano de 2010, o consumo do governo teve uma expansão de 3,3%.

Setores: indústria cresce 10% em 2010

O Produto Interno Bruto (PIB) da indústria caiu 0,3% no quarto trimestre de 2010 ante o terceiro trimestre do ano passado. Na comparação com o quarto trimestre de 2009, o PIB da indústria no quarto trimestre de 2010 mostrou alta de 4,3%. Ainda segundo o instituto, o PIB da indústria cresceu 10,1% em 2010 ante 2009.

O crescimento recorde do ano passado foi influenciado pelo bom desempenho da extrativa mineral e de setores que se beneficiaram do aumento das linhas de crédito, como a construção civil e a indústria de transformação.

O segmento extrativo mineral apresentou um incremento de 14,8% sobre 2009, influenciado pelo minério de ferro, que registrou um aumento superior a 100% no ano passado. Já o aumento do crédito foi o principal componente a puxar a alta de 6,2% da construção civil. O crédito beneficiou ainda a indústria de transformação, que responde por 58% do PIB.

Segundo o coordenador de Contas Nacionais do IBGE, Roberto Olinto, a maior oferta de linhas de financiamento para bens de capital contribuiu para aumentar a produção de máquinas e equipamentos e da indústria automotiva.

O Produto Interno Bruto (PIB) da agropecuária caiu 0,8% no quarto trimestre de 2010 ante o terceiro trimestre do ano passado. Na comparação com o quarto trimestre de 2009, o PIB da agropecuária teve aumento de 1,1% no quarto trimestre de 2010. Ainda segundo o instituto, o PIB da agropecuária cresceu 6,5% em 2010 contra 2009.

O Produto Interno Bruto (PIB) de serviços mostrou alta de 1% no quarto trimestre de 2010 contra o terceiro trimestre do ano passado. Na comparação com o quarto trimestre de 2009, o PIB de serviços mostrou alta de 4,6% no quarto trimestre de 2010. Ainda segundo o instituto, o PIB de serviços subiu 5,4% em 2010 ante 2009.

Revisões

O IBGE revisou de 2,1% para 2,5% o crescimento do PIB do quarto trimestre de 2009 frente o terceiro trimestre de 2009. O instituto anunciou ainda que revisou de 2,3% para 2,2% a expansão do PIB no primeiro trimestre de 2010 ante o quarto trimestre de 2009, enquanto o crescimento do PIB no segundo trimestre de 2010 foi revisado de 1,8% para 1,6% na comparação com o primeiro trimestre do ano passado. Já a expansão do PIB no terceiro trimestre de 2010 passou de 0,5% para 0,4% frente o segundo trimestre do ano passado.

O Estado de S.Paulo
03/03/11

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