sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Mais de 70% das redações já chamaram a atenção de jornalistas pelo uso das redes sociais


O uso das redes sociais é uma realidade nas redações brasileiras. Mas a maioria dos jornalistas não sabe dividir a opinião da profissão e o tempo entre o trabalho e a navegação. Esse é o quadro das redações dos veículos brasileiros, conforme o levantamento da Associação Nacional dos Jornais (ANJ), divulgado no Seminário Comunicação Digital, promovido pela ANJ e pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), nesta quarta-feira (26) em São Paulo.

A falta de cautela é um cenário recorrente nos veículos, afirma a gerente de pesquisas do Grupo RBS, Elaine Lesch. “O estudo da ANJ mostra que 90% das empresas têm perfis nas redes sociais, 70% já tiveram que chamar a atenção dos jornalistas pelo seu uso e 40% delas já tiveram problemas com o que é postado lá, seja por elas (a conhecida “trollagem”) ou por seus funcionários”, explica.

Postura
Outra questão abordada nos painéis é a forma como os jornalistas se portam nas redes sociais. Para a editora de mídias sociais da RBS, Bárbara Neckel, falta um pouco de bom senso aos profissionais de comunicação. “E o jornalista diz: ‘Mas é meu perfil pessoal!’. "Não tem como separar, comunicação é o nosso negócio, não podemos ser ingênuos nos espaços virtuais e nem deixar de ser gente, que tem uma vida lá fora”, completa Bárbara.

O jornalista especializado em comunicação digital, Marco Chiaretti, endossa que a falta de critérios é fatal. "O jornalista profissional não deve fofocar nas redes sociais o que fala na mesa do bar. O problema é que podemos ficar com medo, ainda mais os jovens, de contar histórias por causa da repercussão nas redes.”

Marco Chiaretti, Sandra Gonçalves, Mary Persia e Bárbara Nickel discutem postura dos comunicadores nas redes sociais (Foto: Silvana Chaves)

Aprendizado
A editora de mídias sociais da Folha.com, Mary Persia, tem esperança nas boas práticas no uso das redes pelos jornalistas do grupo em que trabalha, mesmo quando, inevitavelmente, há um deslize.”A gente aprende fazendo, não tem jeito. Mas quando erramos, é interessante para o leitor da Folha noticiarmos quando uma gafe da casa acontece."

Para o jornalista e doutor em Ciências da Comunicação, Caio Tulio Costa, a liberdade de expressão deve existir e o bom senso do jornalista, também. “Sou contra leis que impeçam a liberdade de expressão. E acho que todos devem ser responsabilizados por tudo o que escrevem. O jornal tem o direito de ter suas regras, mas não de dizer o que o jornalista pode ou não fazer”, diz.

Ricardo Feltrin, Caio Tulio Costa, Ascânio Seleme e Elaine Lesch no painel a respeito de ética jornalística na web (Foto: Silvana Chaves)


Também estiveram presentes Sandra Gonçalves, diretora de redação da Gazeta do Povo; Ricardo Feltrin, secretário de redação de novas mídias do Grupo Folha; Ascânio Seleme, diretor de Redação de O Globo; Eugênio Bucci, Colunista, diretor do curso de pós-graduação em jornalismo da ESPM e professor da USP; Pedro Doria, Editor Executivo do jornal O Globo; Ricardo Gandour, Diretor de Conteúdo de O Estado de S.Paulo; Helder Luciano de Oliveira, diretor do comitê de RH da ANJ e diretor de RH da Gazeta (ES); Alexandre Jobim, advogado da ANJ e integrante do Comitê Jurídico da ANJ e por fim, Luiz Fernando Rocha Lima, diretor de jornalismo da Organização Jaime Câmara (OJC).

Fonte: Portal Comunique-se

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