Por: Geraldo Leite
Há um processo cada vez maior de internacionalização da nossa
comunicação, como extensão natural dos rumos da economia. O Brasil
cresceu de importância como um mercado mais atraente que no passado,
porque as empresas internacionais hoje precisam dos países emergentes e
porque, além de tudo, faremos dois grandes eventos mundiais.
Como se diz: “é a economia, estúpido” e esse processo de
internacionalização do nosso país vem de longe. No começo era
praticamente só a política da boa vizinhança com o Zé Carioca e a Carmen
Miranda. Daí, topamos conversar, mas sob condições: “se o Tio Sam pegar
no tamborim”, nós vamos misturar o Bebop com o samba, Miami com
Copacabana e o chiclete com banana.
E assim, na nossa jinga
musical com DNA de Macunaíma, usamos a nossa desculpa de só falar
português num continente latino, para ir avançando a passos beeem
lentos.
Primeiro vieram as empresas de fora e conquistaram
certos setores do mercado. Depois, já num raciocínio de integração
mundial, os grandes grupos de comunicação internacionais tomaram posse
do nosso mercado de agências de propaganda, controlando, praticamente,
quase todas as principais.
Por fim, chegamos onde estamos:
muitas marcas internacionais presentes, outras que querem chegar e nós,
brasileiros, com muitas empresas nacionais, mas poucas marcas com
capacidade de competição fora daqui.
A novidade agora, mesmo
após a limitação do capital estrangeiro nos veículos eletrônicos (pois
dependem de concessão governamental), é que parece haver uma nova onda
de interesse pelo mercado de mídia brasileiro que se reflete em
lançamentos de edições nacionais de jornais internacionais (N.Y. Times e
F. Times), pela entrada no ano passado de novas Editoras (Conde Nast,
por exemplo), do fortalecimento de grupos de TV por assinatura (Fox,
Turner, HBO,..), de grandes players internacionais na área de educação e
até mesmo, segundo dizem, de possibilidades de parcerias em emissoras
de TV abertas.
Isso tudo sem contar uma nova categoria de veículos de comunicação que nasceram globais, como o MSN, Google, Facebook, etc.
Se é esse o caminho e se não há como resistir ao capital internacional,
deveríamos procurar agir estrategicamente e adotar certas posturas para
garantir o nosso futuro. Entre elas:
* Valorizar o nosso conteúdo nacional e regional;
* Atrair mão de obra qualificada;
* Incentivar a formação de talentos locais;
* Preservar a geração de empregos e de oportunidades no país;
* Treinar mais profissionais especializados no mercado internacional;
* Construir marcas nacionais para competir internacionalmente;
* Exportar mais produtos nacionais ligados à Cultura e à Tecnologia;
* Criar produtos brasileiros de comunicação para os canais internacionais.
Enfim, já que vamos miscigenar, que tal garantir um lugar na janelinha?
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