quinta-feira, 17 de maio de 2012

Profissional de Marketing de hoje deve ser repensado

Costumo, em meus artigos, expressar minhas palavras de forma menos agressiva do que realmente penso. Minha intenção é que, de uma forma leve e agradável, os leitores e leitoras se sintam engrandecidos ao término da leitura. Que levem para seu dia a dia de trabalho algum conhecimento ou aprendizado que faça a diferença. O tema que escolhi desta vez, porém, vai muito fundo para eu conseguir colocar filtros.

Estive recentemente em uma reunião com um diretor de Marketing de uma empresa que naturalmente vou omitir o nome de ambos, tanto por questões éticas, como pelo fato que isto não é relevante para o que escolhi escrever. O que é importante é que fiquei chocado com o fato de escutar que propina, BV (“bonificação de valor” ou bola da vez) e um “agrado” são coisas que “fazem parte” da política de vendas e fechamento de negócios na área de Marketing. Deixando o falso moralismo de lado, nosso país e boa parte do mundo continuam se corrompendo pelo poder e dinheiro.


Escolhi ser um profissional de marketing. Sou formado como bacharel em administração e em análise de sistemas. Digo escolhi porque realmente mudei de carreira ao longo da minha vida profissional e fui me especializar em marketing, começando com alguns cursos e finalmente fazendo uma pós graduação na área. Procuro fazer o que gosto e gosto do que faço. Me senti pessoalmente ofendido com o comentário. Mas isto, realmente, não importa. O que importa é Por Que isto me incomodou e é isto que eu escolhi escrever hoje.


Deixei este incomodo “trabalhando” internamente por algum tempo para tentar buscar o que de fato ele representa para o mercado de Marketing e para pessoas que como eu escolheram Marketing e comunicação como profissão. Gosto de História, ou melhor, gosto de histórias. Pesquisei recentemente sobre os duelos e descobri que eles surgiram de uma maneira bastante natural ao longo da História. Parece que caiu a ficha para a humanidade da época que o fato do clã vizinho comer a sua galinha que havia fugido, não era mais motivo suficiente para criar um conflito que inevitavelmente terminaria em retaliação e mortes que acabariam por dizimar ambos os clãs.


Surge então a definição de honra: aquilo que deve ser protegido. Mas a partir deste momento bastariam apenas que duas (“du"elo) pessoas se enfrentassem. E com a morte de apenas uma delas e não mais de todo o clã, a coisa estaria resolvida. Era algo como um tribunal de pequenas causas. Menos mortes, mais rápido, mais eficiente. Parece-me impensável imaginar nos dias de hoje alguém ser inocentado por matar alguém por buscar proteger a honra. Ainda bem!


Bom, acho que você já pegou a ideia. O mundo evolui. O que parecia “certo” e aceitável em algum momento da história, começa a parecer absurdo em outro. A percepção desta evolução foi suficiente para tirar meu incômodo da geladeira e voltar a olhar para ele. Comecei a perceber que estamos em um momento de transição no marketing. Até aí nenhuma novidade! A comunicação que tinha, até algum tempo, um viés de manipulação das mentes, dos corações e dos bolsos dos consumidores, passa a ser cada vez mais: transparente, relacional e co-criada.


E afinal, o que este incômodo representa? Ele me diz que um Marketing que não gera resultados, que beneficia o ego das empresas e dos profissionais de Marketing precisa urgentemente ser repensado. O ego dá identidade, individualidade, mas ao mesmo tempo afasta da essência. Cria a falsa ilusão de desconexão. Desconexão com o cliente. O ego manipula, torce, cria o que não é real, baseado em fatos e números que parecem fazer sentido, mas que no fundo servem apenas a si mesmo e não ao cliente. Passamos por uma fase neste momento de nossa história que é o problema de sustentabilidade. E em todos os aspectos.


Estamos gastando mais do que ganhamos (educação financeira), extraindo mais recursos do que o planeta repõe (educação ambiental), extraindo mais do cliente do que oferecemos em troca (CRM e Marketing de Relacionamento!). Relacionamento sustentável não significa oferecer ao cliente mais do que a empresa pode, ou mesmo mais do que o cliente oferece em troca. Quase ninguém quer deixar de aproveitar uma oportunidade, mas poucos enxergam o quão nocivo é o modelo do Marketing atual. Será que bonificar um cliente com uma viagem internacional em contra partida a assinatura de uma revista é sustentável. E olha que este não é um exemplo fictício!


Os profissionais de Marketing tem um papel extremamente importante no modelo de negócios do mundo atualmente. Incentivar o consumo de um produto que prejudica o consumidor direta ou indiretamente não é sustentável. Incluir um “bônus” no fechamento de um projeto não é sustentável. No final do dia, alguém paga esta conta, seja em dinheiro seja em recursos do planeta (por acaso, a casa em que todos nós vivemos e compartilhamos).


Fecho este artigo perguntando: Então, qual a solução? Qual o perfil do profissional de Marketing e comunicação deste novo milênio? Vejo que precisa ser alguém, em primeiro lugar, consciente de si (empresa), do próximo (cliente) e do mundo (relação entre empresa e cliente). Tem de ser alguém que tenha a capacidade e habilidade para se despojar do ego (seu e da empresa), ainda que por alguns instantes. É preciso enxergar o consumidor como igual, com desejos e necessidades. Necessidade de ser reconhecido, ouvido, respeitado.


Precisa ser alguém que saiba falar vários idiomas (físico, digital, social) em vários locais (nas lojas, na internet, no celular). Que realmente se importe com a relação que é construída todos os dias entre a empresa e o consumidor. Que fale, prestando a atenção tanto na sua mente, coração e bolso quanto do cliente. Você se habilita?


FONTE: Mundo do Marketing 

Um comentário:

  1. Olá! Nós somos de uma escola do interior do RS, e estamos elaborando um trabalho sobre marketing, e queremos entrevistar um profissional desta área. Se alguém tiver disponibilidade para tal, por favor nos envie um e-mail. Desde já agradecemos! Abraços

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